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Foto: Reprodução |
Uma moradora de Jucás, na região Centro-Sul do Ceará, foi diagnosticada há uma semana com raiva humana, cerca de dois meses após ser mordida por um sagui - ou "soim", como popularmente é conhecido. Em 17 anos, é o quinto caso que se tem registro da doença transmitida por este animal no Estado.
De
acordo com a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), a paciente tem 58 anos de
idade e foi diagnosticada no Hospital São José (HSJ), referência em
infectologia. Ela, primeiro, buscou atendimento no hospital municipal da cidade
onde mora, no dia 27 de janeiro, com náuseas, dificulda de engolir e de falar
e hidrofobia (aversão à água).
Devido
aos sintomas, que são característicos da raiva humana, a mulher foi encaminhada
no dia seguinte ao HSJ, e segue internada. A reportagem procurou a Sesa para
saber o estado clínico atual da paciente, mas pasta respondeu que não pode
informar o relatório de saúde dela.
Raiva humana no Ceará
Veja o
histórico de casos de raiva humana registrados no Estado
2008:
1 caso em Camocim (sagui)
2010:
2 casos, sendo 1 em Chaval (cão) e 1 em Ipu (sagui)
2012:
1 caso em Jati (sagui)
2016:
1 caso em Iracema (morcego)
2023:
1 caso em Cariús (sagui)
2025:
1 caso em Jucás (sagui)
Fonte:
Boletim epidemiológico de 2024, Sesa.
Sesa
reforça orientações sobre contatos com animais silvestres
A
orientação do Governo é de que a população mantenha distância desses animais,
que, pela origem silvestre, não podem ser vacinados.
"As
pessoas devem evitar manter contato, seja alimentando ou acariciando. Caso note
algum deles com comportamento estranho e fora do bando, a Sesa ou o Setor de
Controle de Zoonoses deve ser comunicada para realizar a contenção
correta", explica o médico epidemiologista e coordenador da Célula de
Vigilância e Prevenção de Doenças Transmissíveis e Não Transmissíveis (Cevep),
Carlos Garcia. O mesmo é orientado em relação a raposas e morcegos, por
exemplo.
O caso
da moradora de Jucás deixou o Estado em alerta, uma vez que, de 2008 até o ano
passado, foram registrados apenas seis casos de raiva humana no Ceará,
distribuídos nos municípios de Camocim, Chaval, Ipu, Jati, Iracema e Cariús.
Este, de Jucás, é o sétimo, e foi o quinto transmitido especificamente por
sagui, um primata de pequeno porte normalmente encontrado, também, nos estados
de Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte.
A
raiva é transmitida a humanos pela saliva de animais domésticos ou silvestres
infectados. A transmissão pode ocorrer após mordidas, arranhões ou lambidas de
cães, gatos, saguis, raposas e morcegos, por exemplo. A doença é considerada de
alta letalidade.
Nesse
contexto, a articuladora do Grupo Técnico de Zoonoses da Sesa, Kellyn
Cavalcante, informou que foi feito um inquérito epidemiológico e uma busca
ativa de animais silvestres em Jucás. Além disso, a equipe governamental
intensificou ações de educação em saúde para profissionais da assistência e
agentes de combate às endemias.
"Estivemos
presencialmente e também realizamos uma webconferência sobre as profilaxias pré
e pós-exposição. Estamos trabalhando de forma integrada com a imunização e o
controle animal", afirmou a gestora.
Vacinação
A
vacinação e o soro antirrábico são a principal forma de prevenir a raiva para
seres humanos. "A prevenção é a melhor forma de evitar a morte pela raiva.
Existe a vacinação pré-exposição para quem mantém contato frequente com
animais, como veterinários, e a pós-exposição para quem sofreu algum
acidente", diferencia a diretora técnica e infectologista do HSJ, Ruth
Araújo.
Segundo
a Sesa, no ano passado, o Estado bateu a meta de vacinar 2,5 milhões de animais
contra a doença, sendo 1,5 milhão de cães e mais de 900 mil gatos.
Como
agir após contato com animal transmissor da raiva?
Caso
alguém seja mordido por algum animal, o recomendado é lavar o ferimento com
água e sabão e imediatamente procurar atendimento no posto de saúde. O médico é
quem indicará a conduta adequada, considerando a gravidade da lesão e o animal
que ocasionou o acidente.
A vacina antirrábica é administrada em quatro doses ao longo de duas semanas — no primeiro, no terceiro, no sétimo e no 14º dia após o contato com o animal. Já o soro antirrábico é aplicado em dose única no local da ferida. "Caso o animal agressor seja de rua ou silvestre, existe a necessidade do soro antirrábico, assim como em casos de acidentes graves com animais domésticos, como mordidas nas extremidades ou no rosto", afirma Ruth Araújo, do HSJ.
Fonte:
Diário do Nordeste
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