Dino bloqueia repasse de emendas parlamentares para duas ONGs.

 


Ministro Flávio Dino, durante a sessão plenária do STF. — Foto: Gustavo Moreno/STF

 O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), bloqueou nesta segunda-feira (3) o pagamento de emendas parlamentares destinadas a duas entidades que não cumpriram critério de transparência. São elas: Associação Moria e Programando o Futuro.

 

Segundo o despacho do ministro, a decisão se deu por causa do fim do prazo estabelecido para manifestação. Dessa forma, ficam impedidos novos repasses de dinheiro público a essas entidades.

 

Dino ainda deu cinco dias para que a Controladoria-Geral da União (CGU) se manifeste sobre o cumprimento dos critérios de transparência, e 10 dias às entidades que apresentaram informações incompletas para que atualizem os dados sobre os valores recebidos.

 

O bloqueio ocorre em meio ao discurso do novo presidente da Câmara, Hugo Motta, que, ao ser eleito neste sábado (1º), destacou a importância de um "Parlamento forte" e do repasse das emendas parlamentares – tema que deve gerar disputas, mais uma vez, em 2025.

 

As emendas parlamentares são uma reserva dentro do Orçamento usadas conforme indicação de deputados e senadores. É esse o dinheiro enviado pelos parlamentares às suas bases eleitorais.

 

Atualização dos Planos de Trabalho

Na mesma decisão desta segunda, o ministro Flávio Dino reforçou o entendimento sobre atualização e divulgação dos Planos de Trabalho de entidades beneficiárias de emendas PIX.

 

"A despeito dos avanços quanto ao cumprimento da obrigatoriedade de apresentação dos planos de trabalho relativos às 'emendas PIX', é imprescindível que todos os planos de trabalho sejam inseridos na Plataforma Transferegov.br e devidamente aprovados", menciona o despacho.

 

"Conforme o diagnóstico apresentado pelo TCU, 1.080 planos (19,33%) ainda aguardavam elaboração, 84 transferências (1,50%) estavam em ajuste do plano e 242 (4,33%) estavam em elaboração, em 09/12/2024", prossegue a decisão do ministro.

 

Diante disso, Dino determinou que o Tribunal de Contas da União (TCU) apresente, em 15 dias, relatório atualizado com demonstração do quantitativo de planos de trabalho inseridos na plataforma.

 

As emendas individuais de transferência especial, ou "emendas PIX" : cada parlamentar tem uma cota anual para essas indicações – que chegam à ponta sem assinatura e sem destino definido.

 

Uma outra cobrança de Dino é por contas específicas de emendas na área de saúde. Nesse sentido, o ministro oficiou o Ministério da Gestão e Inovação para que apresente a atualização da implementação dos dados para o sistema "transfere.gov.br", parra onde antes as emendas de saúde não iam.

 

Entenda a suspensão

 

No dia 3 de janeiro, Dino determinou a suspensão dos pagamentos destinados por emendas parlamentares para 13 ONGs que não cumprem critérios de transparência.

 

A decisão do ministro ocorreu após a CGU afirmar, em relatório, que metade das 26 entidades fiscalizadas não tem mecanismos adequados para acompanhamento da aplicação dos recursos.

 

Na ocasião, o ministro também determinou:

       a realização de auditoria da CGU nas 13 ONGs que não seguem os critérios de transparência; e estabelece prazo de 60 dias para apresentação de um relatório sobre o tema;

       a intimação das outras 9 entidades que não atendem aos critérios completamente para que cumpram a determinação de transparência no prazo de 10 dias; e

       o cadastramento dessas ONGs nos sistemas de Cadastro de Empresas Inidôneas e Suspensas (Ceis) e na lista de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (CEPIM).

 

R$ 7 bilhões bloqueados

 

No ano passado, Dino já havia bloqueado a execução de quase R$ 7 bilhões em emendas parlamentares.

 

O valor inclui R$ 4,2 bilhões em emendas da Câmara e R$ 2,7 bilhões do Senado. Dino avaliou que os pagamentos não estavam obedecendo critérios de transparência.

 

Para deputados e senadores, as emendas desempenham papel crucial em sua estratégia políticas. São elas que permitem que patrocinem obras e projetos em seus estados.

Os parlamentares também não querem modificações no modelo de pagamento e de transparência, considerado adequado para seus propósitos.

 

No sistema atual, o STF considerou que não é possível rastrear qual parlamentar está enviando o dinheiro para qual projeto.

 

Como mostrou o g1, o dinheiro seria destinado para compra de caixas d'água, lanchas, construção de campos de futebol e outros.

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