Ceará tem o pior índice de empreendedorismo do País, diz estudo da Fiec

 

Foto: Reprodução

O Ceará é o pior estado do Brasil no indicador de empreendedorismo do Índice Fiec de Inovação dos Estados. No ranking geral, o Ceará é o 8º colocado - o primeiro entre os estados do Nordeste. 

O estudo, antecipado com exclusividade ao Diário do Nordeste e divulgado nesta terça-feira (17), avalia o desempenho das 27 unidades da federação em relação ao fomento de ecossistema de inovação. 

O Índice Fiec de Inovação dos Estados busca mapear como os estados brasileiros se comportam nos principais pontos relacionados à inovação. O indicador é composto por duas dimensões, que avaliam o ambiente inovador e os produtos da inovação em si. 

No Índice de Capacidades, relacionado a ambiência, o Ceará foi o 11º colocado. A dimensão abrange os seguintes indicadores: Investimento e Financiamento Público em C&T (Ceará ficou em 9º lugar), Graduação (9º lugar), Pós-graduação (11º lugar), Inserção de Mestre e Doutores (11º lugar), Instituições (11º lugar) e Infraestrutura (19º lugar).

Já no Índice de Resultados, que mensura os produtos da inovação, o Ceará foi o 7º. Veja os indicadores: Competitividade Global (8º lugar), Intensividade Tecnológica e Criativa (4º lugar), Propriedade Intelectual (13º lugar), Produção Científica (13º lugar), Empreendedorismo (27º lugar) e Sustentabilidade Ambiental (5º lugar).

Guilherme Muchale, gerente do Observatório da Indústria, aponta que o índice é importante para que a gestão pública trace ações de fomento ao desenvolvimento. "Por meio dele, é possível identificar atividades inovadoras que se desenvolvem com fluidez, além de pontos de melhoria a serem trabalhados", reforça.

Ceará perde posições em 'empreendedorismo'

O Ceará perdeu sete posições no índice de empreendedorismo desde 2020 e figura como o pior do País. Foi a maior queda anual em relação a 2023, com a perda de seis posições. 

Entre os fatores avaliados, estão a quantidade total de startups e saldo entre empresas abertas e fechadas. A explicação do péssimo resultado cearense está no fechamento de negócios ao longo do ano, explica Eduarda Mendonça, especialista em Inteligência Competitiva do Observatório da Indústria Ceará.

O setor mais afetado pelo encerramento de empresas foi o de serviços, devido à forte oscilação dos índices de consumo ao longo do ano. 

“Houve um aumento muito grande no número de empresas que fecharam ao longo do ano. Os negócios tiveram dificuldade de se manterem abertos. O consumo não se manteve estável ao longo do ano e por isso os setores mais prejudicados foram de comércio e serviços”, explica. 

São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso lideram a avaliação de empreendedorismo. Norte e Nordeste estão entre as regiões com as piores notas neste pilar do índice de inovação. 

“Todos os estados tiveram essa dificuldade. Alguns mais, outros menos, mas todos tiveram. Isso não foi uma particularidade do Ceará, mas em termos relativos à população, o Ceará acabou sendo o mais prejudicado. Mas todos os estados passaram por esse processo de dificuldade de manter o consumo”, pondera Eduarda Mendonça.

A especialista alerta para a necessidade de políticas públicas que viabilizem a sustentabilidade de negócios, principalmente nos primeiros anos de operação, e fomentem novas startups. 

BOM RESULTADO EM INTENSIDADE TECNOLÓGICA E CRIATIVA

Um dos indicadores que o Ceará se destaca no ranking de inovação é o de Intensidade Tecnológica e Criativa - relacionado a setores com altos níveis de investimentos em pesquisa e com papel relevante para desempenho econômico.

O Ceará foi o quarto colocado nesse quesito - o melhor resultado do Ceará entre os doze indicadores analisados. O Estado se destaca pelo total de empregados em áreas de alta e média intensidade tecnológica, como fabricação de máquinas, produtos químicos e produtos farmacêuticos.

“O mercado de trabalho está forte também nos setores criativos, que são voltados para setores de serviços, relacionados à criatividade”, explica Eduarda Mendonça. 

A classificação de Sustentabilidade Ambiental também rendeu bons resultados ao Ceará. O Estado ficou em quinto lugar, atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. 

O indicador sustentável considera a quantidade de empresas com certificação ambiental, capacidade de geração de energia renovável e despesas públicas em gestão ambiental. 

DECLÍNIO DA INFRAESTRUTURA

Além do empreendedorismo, outro gargalo do Ceará identificado pelo Índice Fiec de Inovação dos Estados é a infraestrutura. O Estado aparece em 19º lugar no indicador, que considera que a criação de um ambiente inovador depende de uma infraestrutura adequada. 

O levantamento analisou a infraestrutura de conectividade, logística e cooperação dos estados brasileiros. Entre os indicadores, estão acesso à banda larga, velocidade média de conexão, número de parques tecnológicos, porcentagem de rodovias classificadas como boas e ótimas, número de assentos por aeroporto e peso das cargas transportadas por porto. 

Na questão de infraestrutura de transportes, o Ceará se destaca negativamente por ter apenas 48 quilômetros de rodovias em situação ótima, segundo levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT). 

Fonte: Diário do Nordeste

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