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O município de Quixeramobim, no
Sertão Central cearense, receberá um Porto Seco. A informação havia sido
divulgada pelo secretário de Desenvolvimento Econômico local, Afrânio Feitosa,
e confirmada durante o No AR, o seu podcast, da SerTão TV. O assunto gerou
dúvidas sobre o que é um Porto Seco e os impactos econômicos para o município.
De acordo com a consultora
legislativa Paula Gonçalves Ferreira Santos, um Porto Seco é uma possibilidade
para alavancar a infraestrutura de um país, sendo úteis na desconcentração dos
trabalhos nos portos marítimos, “retardando ou antecipando os procedimentos
alfandegários de despacho, como na ligação entre transportes intermodais,
fazendo com que a mercadoria sob controle aduaneiro possa ir do trânsito
rodoviário para o ferroviário, lacustre, fluvial ou até mesmo aéreo”.
O Porto Seco que será construído em
Quixeramobim está diretamente ligado à Transnordestina, já que a ferrovia conta
com 1.209 km de extensão em linha principal e começa em Eliseu Martins, no
Piauí, com término no porto do Pecém, no Ceará, passando por Quixeramobim e
Quixadá, as duas maiores cidades do Sertão Central.
Conforme o diretor Comercial e de
Terminais da TLSA (Transnordestina Logística S/A, empresa privada da Companhia
Siderúrgica Nacional – CSN), Alex Trevizan, “a ideia do Porto Seco é ter uma
área de transbordo de carga, onde você pode desembaraçar aquela carga para uma
exportação, ou quando é importada ela não precisa ficar parada tanto tempo no
porto para o desembaraço, podendo ser feito esse desembaraço no Porto Seco […]
No Porto ‘Molhado’ você tem o mar. Quando você traz para o interior, você tem o
Porto Seco”. A afirmação foi feita durante uma audiência pública da UniFIC –
Faculdades Integradas do Ceará.
Como Quixeramobim conseguiu um Porto
Seco
O Porto Seco de Quixeramobim será da
Value Global Group, com atuação nos Estados Unidos, na China e no Brasil. O
investimento é privado, com contrapartida do município para concessão do
terreno.
Na mesma audiência pública, o CEO da
empresa, Ricardo Azevedo, informou que o assunto começou a ser tratado pela
corporação há cerca de quatro anos. Em contato com o Governo do Estado do
Ceará, o Executivo Estadual apresentou três sugestões de municípios para a
operação de Porto Seco: Iguatu, Missão Velha e Quixeramobim. Dos três, apenas
Quixeramobim demonstrou interesse há dois anos.
“Quando a gente começou a tratar esse
assunto há quatro anos, o Governo do Estado do Ceará nos passou três
possibilidades: Missão Velha, Iguatu e Quixeramobim. Isso foi Governo do
Estado. Nós só recebemos retorno de Quixeramobim. Isso há 2 anos. Nenhum outro
município se mostrou interessado em trazer nossa operação para o Porto Seco”,
destacou Ricardo.
Conforme o CEO, o Porto Seco será um
terminal multimodal do próprio grupo CSN, com uma área alfandegada: “Vamos dar
um suporte para esse grupo multimodal através da ferrovia fazendo ligações dos
produtos e características das regiões”. O projeto, segundo Ricardo, deve
contar com posto de suporte para caminhões, postos de combustíveis,
restaurantes, serviços de maneira geral, heliponto, Receita Federal, Polícia
Federal, IBAMA e outros órgãos. Sua estrutura deve ter, ainda, silos para
grãos, pátio concretado para minério, terminal de contêiner, entre outros,
integrados com a operação de carga e descarga da Transnordestina.
Com 150 hectares de área (1 milhão e
500 mil metros quadrados), Ricardo enfatizou que o Porto Seco beneficiará não
só a cidade, mas toda a macrorregião em que está inserido. Para efeito de
comparação, o Estádio Castelão, em Fortaleza, possui 25 hectares.
A operação em Quixeramobim, de acordo
com o CEO, “já está garantida com todos os órgãos”, pois o município “mostrou a
demanda”. “Então, a própria demanda deles justificaria uma operação de Porto
Seco […] A gente faz a construção de acordo com a característica da carga e de
acordo com a característica da rodovia”.
Há 25 Portos Secos no Brasil,
conforme a Receita
Federal: no Rio Grande do Sul (6), São Paulo (6), Paraná (3), Santa
Catarina (2), Amazonas (1), Distrito Federal (1), Goiás (1), Mato Grosso do Sul
(1), Mato Grosso (1), Minas Gerais (1), Pernambuco (1) e Rio de Janeiro (1).
Fonte: ReporteCeara
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