Uma investigação da Polícia
Civil do Ceará (PCCE) sobre tráfico de drogas chegou a um homem acusado de
fornecer drogas para uma facção criminosa carioca atuante no Ceará. O suspeito
movimentou mais de R$ 45 milhões em contas bancárias, em pouco mais de dois
anos.
O Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (COAF) identificou movimentações suspeitas feitas por
Helder Paes de Oliveira Júnior em sete contas bancárias, entre 3 de dezembro de
2019 e 21 de março de 2022, e enviou o relatório à Polícia Civil.
Conforme documentos obtidos
pelo Diário do Nordeste, o suspeito movimentou R$ 45.616.893,00 no
período, na soma das contas, segundo o COAF. Somente em uma conta, foram R$
30,9 milhões. E em outra, mais R$ 11,1 milhões.
A Delegacia de Narcóticos (Denarc),
da Polícia Civil do Ceará, aprofundou a investigação e descobriu que Helder
Paes, de alcunha 'Orelha', é o principal fornecedor de drogas de um braço da
facção carioca que atua no Ceará.
'Orelha' morava em
Guajará-Mirim (Rondônia), cidade que faz fronteira com a Bolívia - um dos
principais produtores de cocaína da América do Sul. Ele já havia sido preso em
flagrante por tráfico de drogas, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), e
indiciado em dois inquéritos pela Polícia Federal (PF), antes de entrar na mira
da Polícia Civil do Ceará.
O Laboratório de Tecnologia
contra a Lavagem de Dinheiro (LAB-LD), da PCCE, também elaborou relatório sobre
as movimentações financeiras de Helder Paes. Os investigadores concluíram que
os valores não são compatíveis com a capacidade financeira do investigado, que
recebia um salário de R$ 1,6 mil, no cargo de auxiliar administrativo do
Governo de Rondônia.
DECISÕES JUDICIAIS CONTRA A
FACÇÃO
A pedido da Polícia Civil, a
Vara de Delitos de Organizações Criminosas, da Justiça Estadual, decretou a
prisão preventiva de Helder Paes de Oliveira Júnior, com os objetivos de
garantir a ordem pública e evitar a reiteração criminosa, no dia 27 de fevereiro
de 2023.
O colegiado de juízes que atua
na Vara também deferiu 27 mandados de busca e apreensão e bloqueios de contas
bancárias (no limite de até R$ 20 milhões) e de veículos de 29 suspeitos de
ligação com a facção criminosa, além do afastamento do sigilo de dados
telefônicos e informáticos dos investigados.
A defesa de Helder Paes
ingressou com um pedido de relaxamento de prisão, na Justiça do Ceará, com
aplicação de medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica,
recolhimento domiciliar noturna e proibição de se ausentar de Guajará-Mirim, no
dia 20 de setembro de 2023.
Segundo a defesa, "a
denúncia que foi ofertada pela autoridade policial, em nada acusou e nem
conseguiu comprovar de Helder ter praticados atos de traficância, e nem
conseguiu demonstrar que o mesmo participa de organização criminosa, pois
inexiste dentro do bojo das investigações qualquer troca de mensagens ou
ligações entre Helder e qualquer outro envolvido".
Entretanto, a Vara de
Delitos de Organizações Criminosas indeferiu o pedido da defesa e manteve o
suspeito preso, no dia 10 de outubro do ano passado. Segundo a decisão
judicial, "a manutenção da clausura do incriminado é medida que se impõe
para acautelar o meio social de suas maléficas ações, bem como para preservar a
credibilidade do Poder Judiciário como instrumento da ordem pública, não sendo
verificada qualquer alteração na situação fática dos autos a ponto de autorizar
a revogação da prisão preventiva".
Fonte: Diário do Nordeste
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