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Como a população pode ser impactada pela saída de Juazeiro do Norte do Consórcio de Saúde

Foto: Reprodução



Municípios e Estado avaliam logística para suprir R$ 300 mil mensais como forma de dar continuidade aos atendimentos

A Prefeitura de Juazeiro do Norte anunciou a saída do Consórcio Público de Saúde da região, criando um debate sobre a gestão das unidades hospitalares e o serviço prestado à população, nesta semana. Ao deixar o grupo, os juazeirenses devem ser atendidos apenas em unidades próprias da cidade, sem regulação para a policlínica que fica em Barbalha, por exemplo. Em meio aos procedimentos jurídicos para deixar o grupo, municípios e Estado se organizam para manter os atendimentos.

A situação continua em andamento, porque a documentação enviada foi elaborada em nome do próprio prefeito Glêdson Bezerra (Podemos), quando deveria ter sido feita pela pessoa jurídica de Juazeiro do Norte, como analisou o Consórcio Público. Um novo requerimento formal foi solicitado pelo grupo nessa quinta-feira (4).

O Ceará possui 21 consórcios de saúde formados entre os municípios que, com apoio do Governo do Estado, financiam policlínicas, Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) e serviços como transporte. Com isso é possível fazer compras de insumos e medicamentos de forma coletiva e prestar serviços como terapias para pessoas autistas.

No caso do consórcio o qual Juazeiro do Norte faz parte, outras 5 cidades formam o grupo: Barbalha, Caririaçu, Granjeiro, Jardim e Missão Velha. Para a população que vive nesses locais, nada deve mudar no atendimento de saúde, mas isso exige uma nova logística.

Os moradores de Juazeiro com procedimentos agendados não devem ser prejudicados, mas com a eventual saída do consórcio, os próximos serviços de saúde devem ser realizados nos postos, clínicas e hospitais do próprio município.

Andrea Landim, secretária de saúde de Juazeiro do Norte, explica que o indicativo de saída abriu o processo de transição. Ela explica que o atendimento fica normal até o dia 31 de janeiro deste ano.

Não haverá mais o encaminhamento de juazeirenses para o atendimento regulado aos equipamentos do Consórcio de Saúde, ou seja, policlínicas, CEOs e transporte sanitário. O impacto secundário é que os atendimentos serão realizados dentro do próprio município, nos equipamentos próprios credenciados e conveniados

ANDREA LANDIM

Secretária de Saúde de Juazeiro do Norte

A titular da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) Tânia Mara Coelho contextualiza que os consórcios foram criados para possibilitar os atendimentos especializados e ambulatoriais em parceria.

"É claro que a saída de um município de consórcio não é bom, porque acaba tendo repercussão (na logística). Isso implica que a gente vai ter que reavaliar o rateio para os municípios e a programação", completa a secretária.

Juazeiro do Norte, considerando o número da população, arca com 35,73% dos repasses ao consórcio, o que representou R$ 3,6 milhões, em 2023. Os demais municípios ficam com 23,53%, chegando ao total de R$ 2,3 milhões. O Governo do Estado financia 40,74% (R$ 4,1 milhões).

"O governador Elmano está garantindo que a população não vai ser desassistida e vamos manter os atendimentos. Isso é o mais importante: não podemos prejudicar a população", frisa Tânia Mara.

De imediato, o município de Barbalha deve arcar com o recurso avaliado em R$ 300 mil mensais, como explica Guilherme Sampaio Saraiva, presidente do Consórcio Público de Saúde da região e prefeito de Barbalha.

“Se retirar esses custos a policlínica poderá entrar em colapso, mas para não haver demissão em massa e diminuir a quantidade de exames o governador garantiu que vai suprir”, completa.

Guilherme frisa que os pacientes com consultas e outros procedimentos agendados devem ser atendidos normalmente, mas com a efetivação da saída de Juazeiro do grupo a dinâmica será alterada.

"Quem é do Juazeiro certamente vai procurar o próprio município para as demandas que hoje são resolvidas na policlínica. Inclusive, a justificativa do prefeito é economia, e no caso do município de Barbalha a gente não consegue contratar os serviços que são ofertados na policlínica pelo valor do SUS", compara sobre as diferentes realidades de gestão da saúde.

“MODELO DE SUCESSO”

Tânia Mara acrescenta que outros procedimentos ainda são necessários para a saída oficial de Juazeiro do Norte do grupo. "Vamos passar por assembleias, tanto na Câmara de Vereadores e no consórcio, para ter a aprovação. Se tiver, vamos sentar e decidir como vamos fazer o rateio", completa.

Em meio a esse processo, a Secretaria de Saúde dialoga com outras cidades para reforçar a importância do modelo. "A gente deve ter uma nova assembleia agora na qual vamos sentar com os prefeitos envolvidos nos consórcios para que a gente faça uma discussão", detalha.

A secretária define a parceria entre os municípios como uma experiência de sucesso copiada em outros estados brasileiros. "Essa parceria é importante também para a criação outros serviços dentro das unidades, a gente tem fortalecido o atendimento de reabilitação de autismo, e serviço odontológico", exemplifica.

É a partir da população e baseado na retenção do ICMS, tanto para os CEOs quanto para as policlínicas. Claro que municípios com a população maior, a contribuição é maior, mas também há uma agenda diversificada de atendimentos, de reabilitação, exames e todas as especialidades da policlínica

TÂNIA MARA COELHO

Secretária da Saúde do Estado

O diálogo com os municípios também será feito para mapear os pontos de melhoria para o modelo. "Nós temos que rever os pontos que podem ser melhorados e o papel do Estado na gestão dos equipamentos, a integração com a rede. Temos trabalhado com isso, para que um paciente atendido numa policlínica tenha o acesso garantido", conclui.

 

 

Fonte: Diário do Nordeste

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