O ritmo de envelhecimento das diferentes partes do
nosso corpo varia: é como se tivéssemos diversas idades dentro de nós. Um novo estudo da Universidade Stanford, divulgado ontem,
deu um passo além. Com base nos dados de 5.678 pessoas, foi possível avaliar o
risco de doenças e morte quando a idade de um órgão está especialmente avançada
– os cientistas compararam indivíduos da mesma faixa etária.
De acordo com o
estudo, um em cada cinco adultos, acima dos 50 anos e razoavelmente saudáveis,
tem dentro de si pelo menos um órgão que está envelhecendo de forma acelerada.
A boa notícia é
que, antes de os sintomas se manifestarem, um simples exame de sangue pode
indicar o que está avariado, possibilitando uma intervenção terapêutica. Os
pesquisadores conseguiram mapear a idade biológica de 11 órgãos, sistemas e
tecidos: coração, pulmões, rins, fígado, pâncreas, cérebro, intestinos,
sistemas adiposo, imunológico, muscular e vascular.
Ainda que assintomático, quem apresentava um
envelhecimento cardíaco acelerado tinha 2.5 vezes mais risco de problemas no
coração; crescia em 1.8% a chance de cérebros “velhos” sofrerem com declínio
cognitivo nos cinco anos seguintes.
Os pesquisadores começaram checando os níveis de
quase 5 mil proteínas no sangue de pessoas saudáveis entre 20 e 90 anos, com
ênfase nas que estavam no fim da meia-idade. Marcaram todas as proteínas cujos
genes eram fortemente ativados em um determinado órgão e chegaram a uma lista
de 858 que poderiam ser indicadores seguros para o envelhecimento. Tony
Wyss-Coray, professor de neurologia da universidade e autor sênior do trabalho,
publicado ontem na revista científica “Nature”, enfatizou a importância de o
exame ser capaz de distinguir a idade cronológica, que é a da certidão de
nascimento, da biológica, isto é, das células do organismo:
“Quando comparamos a idade biológica dos órgãos de
uma pessoa com a de outras na sua faixa etária, descobrimos que 18.4% dos
indivíduos com 50 anos ou mais tinham pelo menos um órgão envelhecendo
significativamente. As chances de adoecerem nos 15 anos seguintes cresciam
bastante”.

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