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Foto: Reprodução |
Segundo o IPCA-15, considerado
uma prévia da inflação, no acumulado deste ano até agosto, o custo produto
sofreu forte redução
Após ultrapassar o valor de R$ 10 em 2022, o preço do leite longa vida baixou em
2023. Conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15),
considerado uma prévia da inflação, no acumulado deste ano até agosto, a queda
foi de 7,37%. Nos últimos 12 meses, o declínio foi ainda mais expressivo, de
17%.
Diante disso, os consumidores
já observam o produto custar um pouco mais de R$ 4, a depender da marca e
do supermercado. Mas é possível achar ainda mais barato. Por exemplo, em
pesquisas por aplicativo de compras, na tarde dessa sexta-feira (8), o Diário
do Nordeste encontrou o leite da marca Betânia (integral e de 1 litro)
comercializado por R$ 3,49, no Pão de Açúcar (no Bairro de Fátima).
O mesmo item também era
encontrado por R$ 3,77 no Carrefour (no Farias Brito) e por R$ 3,91 no Gbarbosa
(no Presidente Kennedy). Já o Centerbox (no Panamericano) vendia pelo valor de
R$ 4,38.
Deve-se destacar que os
valores praticados nos aplicativos podem diferir nas lojas físicas, além de
considerar custos como frete ou abatimentos com cupons de descontos para
definir o preço pago de fato pelo alimento.
Nas gôndolas, a reportagem
encontrou esse mesmo produto por R$ 5,59, no supermercado Frangolândia do
bairro Parquelândia. Lá, a marca Elegê era a mais barata (R$4,18).
POR QUE BAIXOU O PREÇO DO
LEITE?
Segundo o economista e
professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Ricardo Coimbra, um
conjunto de fatores contribuiu para pressionar o valor para baixo.
“Alguns deles estão relacionas
à redução do câmbio. De certa forma, fez com que os preços dos insumos, como
milho, farelo e cereais de modo geral tivessem uma queda. A melhoria na
exportação da Ucrânia, num determinado momento, ajudou, como também o
crescimento da produção de grãos no mercado nacional”, lista.
“Então, o custo da produção
caiu. O bom inverno que tivemos também gerou um suprimento do pasto,
influenciando na queda, principalmente em relação ao custo”, complementa,
acrescentando a estabilidade da demanda como outro fator relevante.
É importante ponderar,
contudo, que a redução não tem relação com a desoneração de impostos para a
produção do leite no mercado cearense, que só deve vigorar a partir deste mês de setembro.
Portanto, as consequências dessa medida ainda não chegaram ao consumidor final.
O QUE ESPERAR DO PREÇO DO
LEITE ATÉ O FIM DO ANO NO CEARÁ?
Coimbra destaca que esse
cenário gera uma tendência de estabilização do preço em valores mais baixos e
de manutenção de queda nos próximos meses.
Já o presidente do Sindicato
da Indústria de Laticínios e Derivados no Estado do Ceará (Sindilaticínios),
José Antunes, disse apenas não estimar novas elevações.
“Eu acho que não cai mais, mas
estamos esperando que se mantenha. Até porque isso é uma política de governo,
ninguém sabe o que o seu Fernando Haddad vai fazer (ministro da Fazenda), o que
o seu Fabrízio [Gomes] vai fazer (secretário da fazendo do Ceará)”, disse.
“Isso depende… Estamos numa
insegurança de tudo: de preço, jurídica e pessoal. Mas a tendência é que, até
novembro, se mantenha do jeito que está, exceto se houver muita queda não
produção”, completa.
IMPACTO DO CUSTO DO LEITE PARA
AS FAMÍLIAS
O custo do leite pesou
no bolso do consumidor, sobretudo para o de baixa renda. Ao longo de 2022,
famílias foram obrigadas a deixar de consumir o alimento ou substituí-lo por
compostos lácteos e até por soro.
Do outro lado, o mercado
capturou a demanda por produtos de baixo custo e passou desenvolver os
similares — que confundiram a população. A inflação do artigo também pressionou
os derivados, como o queijo e o requeijão.
Essa sequência de
acontecimentos demonstra como diferentes realidades são impactadas já pela
elevação de um único item. Abaixo, veja retrospectiva dos impactos do
leite.
LEITE ERA VENDIDO AO PREÇO
MÉDIO DE R$ 7
Em junho de 2022, o
consumidor começou a sentir o impacto da majoração do leite, que
pressionou a alta da cesta básica em 10,15%, conforme o Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O produto, antes vendido a R$
4, subiu para R$ 7. A elevação foi provocada pelo período de entressafras no
Brasil, sobretudo na região Sudeste, onde está a maior produção nacional.
Naquele período, a pressão do
custo da produção em razão do aumento do preço dos combustíveis e da guerra da Rússia contra a Ucrânia puxavam o preço para
cima, além das questões climáticas.
SIMILARES PULULAM NOS
SUPERMERCADOS E CONFUNDEM OS CONSUMIDORES
Ainda em junho, a corrosão do
poder de compra provocada pela disparada da inflação impulsionou o desenvolvimento de produtos de baixo custo, como os similares, principalmente do leite.
Com rótulos e formatos
análogos aos originais, essas mercadorias ocuparam os mesmos espaços nas
prateleiras e induziram uma compra inconsciente.
Os mais comuns eram compostos
lácteos para substituir o leite em pó, o creme de leite ou condensado. Outro
exemplo foi um processado cremoso com aparência de requeijão e uma base vegetal
para assemelhar-se ao queijo.
CONSUMIDORES TIVERAM
DIFICULDADES PARA CONSUMIR O LEITE
Em julho, reportagem do Diário
do Nordeste mostrou que alguns consumidores foram obrigados a deixar de
consumir o alimento, enquanto outros buscavam maneiras de substituí-lo pelos
similares citados acima.
Em casos mais extremos,
famílias trocavam pelo soro de leite. Uma especialista alertou que a troca do
leite pelo composto lácteo pode causar riscos à saúde. Mas, para muitos, não
havia escolha.
LEITE CHEGOU A R$ 10, E
SUPERMERCADOS REDUZIRAM VARIEDADES DE MARCAS
Ainda em julho, pesquisa do Diário
do Nordeste apontou que o preço do leite variou de R$ 4,99 a R$ 10,39. Em
alguns estabelecimentos, a marca mais barata custava R$ 7,49. Nesse
cenário, varejistas cearenses ofereciam o produto em quantidades menores e
pouca variedade de marcas.
Conforme a Associação Cearense
de Supermercados (Acesu) informou, naquela época, não havia risco de
desabastecimento, mas as empresas buscavam estratégias para evitar o repasse
dos preços cobrados pela indústria. Por isso, justificou, observou-se a
ausência de algumas marcas.
VEJA DICAS DE COMO ECONOMIZAR
NA FEIRA
Atualmente, a pesquisa de
preços – ação essencial para economizar – pode ser feita sem
precisar sair de casa. Dessa forma, consumidores podem pesquisar a diferença
entre lojas antes de decidir onde comprar. Além disso, alguns aplicativos e
redes de supermercados oferecem cupons de descontos.
Nos “atacarejos”, também pode
haver produtos mais em conta. Neste caso, o consumidor deve calcular o número
de integrantes da família e o consumo mensal para calcular se compensa a compra
em maior quantidade. Abaixo, veja como pesquisar sem sair de casa:
A plataforma Facily promete baratear os
produtos em até 70% devido à possibilidade de compras coletivas, além
da derrubada de etapas logísticas. Contudo, os relatos são de demora na
entrega. Por isso, dever ser uma alternativa para o planejamento de compras sem
necessidade imediata;
A plataforma “Supermercado Now” mostra
onde há promoção a partir da sua localização. Basta inserir o CEP e localizar
os descontos no estabelecimento mais próximo. Assim, se você quiser comprar
perto de casa, já sabe em qual loja deve ir diretamente;
Aplicativos de delivery
liberam cupons para compras em farmácias e supermercados. Às vezes, produtos
como fraldas estão mais baratos em farmácias. Por isso, vale ficar de olho
nessas opções para economizar;
Algumas redes de supermercados
possuem aplicativos próprios, com programas de fidelidade, promoções diárias e
ofertas para clientes cadastrados. Dentre elas, estão o Pão de Açúcar e o
Extra.
Fonte: G1
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