A secretária de Educação Básica, Tania
Leme de Almeida, pediu demissão do MEC (Ministério da Educação) após
não ter sido consultada sobre a decisão de suspender a
avaliação de alfabetização. A saída de Tania, porém, ainda não
foi oficializada pelo ministro.
Esta é a quarta baixa
no alto escalão da pasta. A publicação da portaria com mudanças
no sistema de avaliação, no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (25),
foi a gota d'água para o desligamento.
Tania já havia pedido desligamento da pasta na semana passada mas foi
convencida pelo ministro Ricardo Vélez Rodríguez a ficar mais tempo.
A secretária também vinha sendo
atacada, dentro e fora do MEC, pela ala ligada ao
escritor Olavo de Carvalho. Ela chegou ao MEC por indicação do
ex-secretário executivo da pasta, Luiz Antonio Tozi. Tozi acabou demitido
por Vélez após pressão de olavistas chegar ao presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Alunos do escritor foram atingidos por um processo de mudanças de cargos
na pasta e passaram a atacar o
ministro e exigir demissões.
A suspensão da prova de alfabetização não havia sido discutida
internamente no MEC. Além disso, Tozi e Tania eram quem mantinham conversas com
representantes das secretarias de Educação dos estados e municípios.
Foi o próprio
secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim,
quem pediu ao Inep (Instituto Nacional de Estudos Educacionais) a
suspensão da a avaliação. Ele próprio é ex-aluno de Olavo de Carvalho e
indicado ao cargo por ele. Nadalim também é o autor da minuta de
alfabetização.
Além de Tania e Tozi, o ministro também demitiu um de seus assessores mais
próximos, Ricardo Roquetti, também por pressão dos olavistas. A própria
permanência de Vélez está ameaçada.
Em texto publicado nas redes sociais,
Tania confirmou que não teve conhecimento das mudanças
no Saeb e que deixa a pasta. "Não deveria haver política pública
sem métrica e sem avaliação. A interrupção intempestiva de uma série história
poderia vir a ter consequências indesejáveis sobre a análise de evidências e o
balizamento de ações em todo território nacional", escreveu.
A pasta não respondeu sobre a possível saída do presidente do Inep.