A Polícia
Federal (PF) descobriu fraudes em 14 concursos públicos nacionais
aplicados pela Fundação Carlos Chagas. Segundo a Operação
Afronta II, que encontrou as irregularidades, 47 candidatos se
beneficiaram de escutas eletrônicas no momento de realizar as provas. De
acordo com a PF, alguns desse candidatos já foram habilitados e empossados nos
cargos para os quais concorreram.
A
operação constatou que a rede de concursos públicos fraudados cobrava até R$
70 mil por gabarito de prova. A PF suspeita que este foi o valor cobrado em
um exame realizado para o Tribunal Regional do Trabalho em Maceió, em 2013.
Nesta
segunda-feira (18), a PF cumpriu dois mandados de prisão temporária, quatro
mandados de condução coercitiva e dez mandados de busca e apreensão expedidos
pela Justiça Federal em São Paulo, nas cidades de Campinas (SP) e Maceió. Os
demais candidatos foram intimados para prestar esclarecimentos.
Em
outubro do ano passado, a PF deflagrou a primeira etapa da operação, em
Sorocaba (SP), para apurar uma fraude no concurso público do Tribunal
Regional Federal da 3ª Região para os cargos de técnico e analista
judiciário.
Na
ocasião, foram indiciados nove membros da organização criminosa: o líder do
grupo, o técnico responsável pelos equipamentos eletrônicos, quatro pessoas que
desviavam as provas, e três que corrigiam as questões desviadas. Foram
indiciados ainda doze candidatos que receberam as questões por meio de
equipamentos de ponto eletrônico, e duas pessoas que também tiveram
participação na fraude, embora não fossem membros da organização.
A Polícia
Federal solicitou à Fundação Carlos Chagas informações acerca de outros
certames que os indivíduos responsáveis por desviar as provas haviam se
inscrito. Pediu ainda que a fundação fornecesse os gabaritos de respostas de
todos os candidatos destes concursos suspeitos.
Os
gabaritos foram então encaminhados à perícia, que constatou que a fraude havia
sido consumada em 14 certames e que 47 candidatos haviam participado
do crime. O sistema também encontrou indícios de cópia de respostas entre
candidatos, comumente conhecida como “cola”, em outros 24 certames.
Os
candidatos serão indiciados pelo crime de fraudes em certames de
interesse público, cuja pena varia de um a quatro anos de reclusão, e pelo
crime de
associação
criminosa, cuja
pena varia de um a três anos de reclusão.
A
Fundação Carlos Chagas foi procurada pela reportagem, mas ainda não se
manifestou.