O papa Francisco fez, na manhã deste domingo (10), em Cartagena, um elogio à
acolhida que a Colômbia vem dando aos venezuelanos que atravessam a fronteira
para fugir da crise política e econômica.
Acrescentou que "vem orando por todos os filhos e filhas dessa amada
nação da Venezuela" e fez um "chamado a todos para que rejeitem a
violência política e rezem por uma solução a essa grave crise, que atinge a
todos, mas especialmente aos mais pobres e aos mais desfavorecidos".
O último dia da visita do pontífice ao país foi marcado por uma
peregrinação, que começou no fim do sábado (9) e atravessou a noite, de fiéis
que vieram dos bairros periféricos da cidade. No centro histórico, estes se
encontraram com turistas e religiosos estrangeiros hospedados nos hotéis da
cidade amuralhada.
"Meu filho nunca tinha vindo ao centro, pensei que a visita do papa
seria a melhor oportunidade, para que ele fosse abençoado pelo papa nessa terra
que nos acolheu", contou à Folha Pedro Urreta, 42, que saiu ainda
de madrugada de sua casa, no bairro Nelson Mandela, uma urbanização formada por
"desplazados" (deslocados pela violência), e usou vários tipos de
condução –moto, ônibus e caminhada–, até chegar ao centro histórico de
Cartagena.
"Eu cresci nos Montes de María (ao sul do Departamento), onde os
paramilitares causaram muita violência por vários anos. Perdi parentes e
amigos, por isso vim para Cartagena, e aqui recomecei minha vida com
eles", disse, apontando para o filho Javier, 6, e a mulher, Estefania, 32.
Na porta da Igreja de San Pedro Claver, o santo padroeiro da cidade, o papa
abençoou a todos e fez referências ao passado histórico e colonial da cidade,
antes porto de entrada para comerciantes de escravos. "Ainda hoje, na
Colômbia e no mundo, milhões de pessoas ainda são vendidas como escravos, e
mendigam um pouco de humanidade."
No caminho até o local, o pontífice fez um percurso que atravessou outros
bairros humildes dessa cidade de 900 mil habitantes, mas cuja população abaixo
da linha de pobreza é de cerca de 300 mil. Num deles, o bairro de San
Francisco, o papa se machucou, batendo o rosto no vidro do papamóvel quando
tentava abraçar um fiel. Logo, sua cara ficou um pouco inchada, e gotas de
sangue salpicaram sua roupa.
Os médicos quiseram interromper a viagem para atendê-lo, mas o religioso
respondeu que não era necessário.
Na parte da tarde, o papa Francisco fará sua última missa na Colômbia, para
cerca de 1 milhão de pessoas. Do aeroporto local, está previsto que retorne
ainda nesta noite diretamente à Roma.