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O combate à violência contra a
mulher em Crato tem se intensificado através de um trabalho articulado com os
órgãos de defesa, que estiveram reunidos na manhã desta quarta-feira, 10, para
debater o Plano Municipal de Enfrentamento à Violência de Gênero. A proposta é
discutir e trabalhar quatro eixos que incluem saúde, educação, autonomia para
empoderar as mulheres e combate à violência.
Um dos pontos expostos com
preocupação pelos órgãos diz respeito ao aumento dos casos de violência no
Brasil, e no Cariri essa escalada ao longo dos anos tem se evidenciado,
principalmente no Crato. Mesmo sem o fechamento do ano, relacionado aos casos
de feminicídios, o Ceará registrou 42 casos de assassinatos de mulheres. O mês
de junho deste ano lidera em relação ao ano passado com 11 casos.
As equipes de debates foram
formadas para trabalhar por eixos e construir o plano. Para a secretária de
Direitos Humanos do Crato, Zuleide Queiroz, a construção desse plano vem de uma
lacuna que ocorreu durante quatro anos de desmonte dessa política e que agora
necessita ser criada nas três instâncias. "A gente agora vem para a
retomada dessa política. Ela foi interrompida inclusive sem o aporte financeiro
para a sua execução", explica.
A abertura da reunião foi
iniciada com uma apresentação do Conselho Municipal de Defesa da Mulher
Cratense. A integrante do conselho, Verônica Carvalho, apresentou dados
importantes relacionados ao conselho e a sua contribuição para conquistas
históricas de equipamentos voltados ao enfrentamento da violência, entre eles o
Juizado da Mulher e a Delegacia da Mulher, no Município, e a Casa da Mulher do
Ceará, no Cariri. "A violência contra a mulher é um ato de poder e como
tal deve ser combatido com o empoderamento das vítimas", disse.
A coordenadora do Observatório
da Violência e Direitos Humanos do Cariri, da Universidade Regional do Cariri
(URCA), Grayce Alencar, fez uma apresentação através de números e estudos
relacionados aos casos de violência, destacando essa realidade da violência na
região, com a concentração do maior número de casos em Crato, Juazeiro do Norte
e Barbalha.
Um dos pontos que tem
dificultado uma análise mais especializada dessas informações tem sido a
dificuldade de acesso aos boletins de ocorrências, que forneceriam grande parte
dos dados, diariamente. Segundo Grayce, há uma luta para que voltem a ser fornecidos,
o que foi reforçado durante a reunião, como uma reivindicação que deve
acontecer junto ao Governo do Estado.
A última apresentação foi
realizada pela coordenadora da Casa da Mulher do Ceará no Cariri, Mara Guedes.
Ela afirmou que este ano houve o aumento dos casos de violência, e destacou
exemplos de mulheres que estão sendo acompanhadas no equipamento, inclusive com
situações que beiram as 30 passagens pela casa, no intuito de solicitar
acompanhamento, mesmo aqueles casos com medidas protetivas.
O evento contou com
representantes da Defensoria Pública. Para o defensor, Rafael Vilar, é
essencial entender o processo para se trabalhar o combate à violência. Ele
disse que é importante se compreender, por exemplo, o mundo do machismo, para
que possam ser traçadas estratégias nas orientações e defesas.
"Há uma necessidade de
ter enfrentamento urgente no município do Crato, com planos, estratégias,
possibilidades e esses números possam ser eliminados", disse Grayce.
Texto: Elizangela Santos










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