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ANEEL Nega "Prêmio" à Enel: Relator Vota Contra Renovação Antecipada e Valida Críticas à Péssima Qualidade do Serviço no Ceará

 


Foto: Ilustrativa

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) deu um passo firme contra a má prestação de serviços no Ceará. Em um julgamento crucial para o futuro energético do estado, o diretor e relator do processo, Fernando Luiz Mosna, votou pela não antecipação da prorrogação do contrato de concessão da Enel Ceará.


O voto de Mosna, que se opôs ao desejo da distribuidora italiana de garantir mais 30 anos de operação no estado, é visto como uma validação das incessantes reclamações de consumidores, comerciantes e políticos cearenses, que há anos convivem com um serviço precário e ineficiente.


A Justificativa Técnica que Esconde a Insatisfação Popular


Oficialmente, o relator apontou que a Enel CE "demonstrou não atender aos requisitos para a prorrogação", citando o Decreto nº 12.068/2024. No entanto, o que a frieza do texto legal não diz é que o fracasso da Enel em cumprir os requisitos técnicos de qualidade e solidez financeira é um reflexo direto do caos que se instalou na rede de distribuição.


Os índices de Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DIC) e Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FIC) — métricas de qualidade do serviço — estão entre os piores do país, traduzindo-se na vida real como:


  • Apagões Constantes: Milhares de cearenses, especialmente em Fortaleza e Região Metropolitana, sofrem com quedas de energia que duram horas, por vezes dias, diante de chuvas mínimas ou picos de calor.

  • Prejuízo Econômico: Comerciantes e produtores perdem estoques e quebram equipamentos devido à intermitência no fornecimento, enquanto as indústrias enfrentam perdas de produtividade inaceitáveis.

  • Atendimento Deficiente: A demora e a ineficácia das equipes de campo, somadas à dificuldade de comunicação com os canais de atendimento, tornam a solução de problemas um martírio para o consumidor.

A Tentativa de Renovar a Concessão sem Merecer


A distribuidora havia corrido contra o tempo para aprovar um "Plano de Resultados" junto ao Ministério de Minas e Energia, buscando demonstrar um esforço tardio para reverter o quadro. Em nota, a Enel insiste que está cumprindo integralmente as ações prometidas.


Contudo, para o relator e, principalmente, para a população, a evidência é outra. A busca pela prorrogação antecipada, em meio a tantas falhas crônicas e multas aplicadas pela própria ANEEL, soa como um desrespeito à paciência do consumidor.


O voto de Fernando Mosna trouxe esperança a todos que defendem uma postura mais rigorosa da Agência, questionando por que uma empresa que trata seus clientes com tamanha negligência e acumula um alto índice de insatisfação teria o "prêmio" de ter seu contrato renovado com tanta antecedência.


Apesar de o processo ter sido interrompido por um pedido de vista de outro diretor da ANEEL, adiando a decisão final, a rejeição inicial do relator lança uma sombra pesada sobre a continuidade da Enel no Ceará e sinaliza que a empresa não pode mais ignorar a exigência básica de qualidade em um serviço essencial. A pressão pública e técnica agora é clara: ou o serviço melhora de forma drástica e sustentável, ou a empresa corre o risco de perder a concessão que insiste em manter.

 

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