A preocupação com os efeitos
da medida é compartilhada pela Confederação das Associações Comerciais e
Empresariais do Brasil (CACB), que representa mais de 2 mil entidades em todo o
território nacional. O presidente em exercício da confederação, Ernesto João
Reck, defendeu cautela: “Não é hora de discutir redução de jornada de trabalho.
Teremos problemas de aumento de custo, de elevação de despesas, e isso vem
prejudicar a competitividade do nosso empresariado”, alertou.
Reck reforçou que o Brasil
ainda enfrenta desafios estruturais que inviabilizam mudanças profundas nas
regras do trabalho sem comprometer a formalização e a geração de empregos.
Pesquisa
O debate sobre a PEC 8/25
ganha força ao mesmo tempo em que a sociedade e o Congresso analisam com
atenção os rumos da economia brasileira. Pesquisa divulgada na última semana
pelo Instituto Genial/Quaest, que ouviu 203 deputados federais entre maio e junho,
mostra que 70% dos parlamentares são contra a mudança na escala 6×1, incluindo
55% dos deputados da base do governo. A rejeição à proposta é ainda mais
expressiva entre parlamentares da oposição, alcançando 92%, enquanto 74% dos
independentes também se posicionam contra a medida. Os dados revelam um
Congresso atento aos sinais de instabilidade e às preocupações do setor
produtivo.
Relator da matéria na Câmara,
Luiz Gastão já articula uma audiência pública para a primeira semana de agosto,
com o objetivo de ouvir empresários e trabalhadores. Ele reforça a importância
do setor produtivo para o funcionamento da economia. “Quando se paga a folha,
paga-se o salário. E esse salário vira renda, que alimenta o consumo, que gera
arrecadação. Esses impostos sustentam saúde, educação, segurança. Temos que
parar de tratar o empresário como vilão. O empresário é quem gera emprego e
movimenta a economia do país”, afirmou.
Segundo dados do Ministério do
Trabalho e Emprego, o setor privado fechou 2024 com cerca de 46 milhões de
empregos com carteira assinada, um aumento de quase 1,8 milhão em relação ao
ano anterior. Os setores que mais cresceram foram serviços, comércio e construção,
com destaque para a abertura de milhares de estabelecimentos com empregados.
Hoje, o setor produtivo
privado é o maior empregador do Brasil, responsável pela massa salarial que
mantém a máquina pública em funcionamento por meio dos tributos gerados. “A
grande massa salarial que existe no país vem do setor produtivo, não é do governo”,
conclui Gastão. O deputado, que já prepara seu plano de trabalho como relator,
defende que a discussão aconteça com base técnica, responsabilidade e ouvindo
todos os lados — sem improviso nem imposição.
Fonte: Diário do Comércio
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