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| Foto: Reprodução |
O tema da redação na
reaplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 é "Desafios
para a valorização da arte de periferia no cenário cultural
brasileiro". Mais abaixo, leia um exemplo de dissertação que tiraria
nota mil.
Na aplicação comum, em
novembro, os candidatos tiveram de escrever sobre "Desafios
para a valorização da herança africana no Brasil”.
Quem participa da reaplicação
do Enem?
A prova, aplicada em 10 e 11
de dezembro para cerca de 2 mil candidatos, é voltada para:
pessoas privadas de
liberdade (Enem PPL);
candidatos que não
compareceram ao primeiro domingo (03/11) porque estavam com doenças
infectocontagiosas (tuberculose, coqueluche, difteria, doença invasiva por
Haemophilus influenza, doença meningocócica e outras meningites, varíola, Mpox,
influenza humana A e B, poliomielite por poliovírus selvagem, sarampo, rubéola,
varicela e Covid-19);
participantes afetados por
erros na aplicação do exame ou por problemas logísticos (falta de energia
elétrica no local de aplicação do Enem, em novembro, ou enchentes e
desastres naturais na região).
No primeiro caso, as próprias
unidades prisionais cuidam do processo de inscrição dos detentos. Já nas duas
últimas situações (problemas de logística ou de saúde), foi necessário
justificar a ausência e solicitar, na Página do Participante, o direito à reaplicação.
Modelo de redação nota mil
A pedido do g1, a
professora Daniela Toffoli, do Curso Anglo, escreveu uma dissertação com o tema
"Desafios para a valorização da arte de periferia no cenário cultural
brasileiro". Veja abaixo:
O artigo 215 da Constituição
Federal Brasileira assegura o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso
às fontes da cultura nacional, além de apoiar e incentivar a valorização dessas
manifestações. Contudo, mesmo com essa proteção constitucional, a arte
produzida nas periferias do Brasil enfrenta grandes desafios para obtenção de
seu devido reconhecimento. Assim, a dificuldade para valorizar a arte
periférica se manifesta, principalmente, devido à marginalização histórica
dessas produções e à falta de investimento em políticas públicas que promovam
sua integração, e por isso medidas são necessárias para a mudança desse
cenário.
Em primeiro lugar, é
importante destacar a desvalorização da arte produzida por essas comunidades
dentro das dinâmicas sociais brasileiras. Esse fenômeno ocorre devido ao fato
de que as produções culturais das periferias, frequentemente associadas a contextos
de pobreza e exclusão social, são desvalorizadas e vistas como menos legítimas
ou relevantes dentro do patrimônio cultural nacional. Tal marginalização é
perpetuada por uma estrutura social que, tradicionalmente, privilegia
expressões artísticas vindas de centros urbanos e classes sociais mais altas,
relegando as manifestações periféricas a um plano secundário ou alternativo.
Nesse sentido, cabe destacar o sociólogo Jessé Souza, o qual afirma que a
estrutura social brasileira perpetua desigualdades que marginalizam as
expressões das classes populares. Logo, como resultado, a arte periférica
permanece fora dos circuitos culturais estabelecidos, limitando seu acesso à
devida visibilidade e valorização.
Em segundo lugar, outro fator
relevante é a escassez de investimento em políticas públicas culturais que
integrem devidamente a arte de periferia. Isso porque, historicamente, há uma
tendência em alocar recursos voltados a produções consideradas mais convencionais
ou de maior apelo comercial, produzidos, predominantemente, por artistas mais
renomados e pertencentes a classe sociais mais abastadas, enquanto as
expressões artísticas periféricas recebem menos atenção e apoio. A ausência de
um apoio financeiro e estrutural adequado impede que artistas das periferias
possam desenvolver plenamente seus trabalhos, o que resulta em uma circulação
restrita de suas obras e uma consequente menor valorização. Nesse contexto, são
raros os reconhecimentos a talentos como Emicida, que emergiu da periferia de
São Paulo e que, frequentemente, aponta a falta de apoio estatal e
infraestrutura adequadas para a disseminação dessas obras. Consequentemente,
isso limita a capacidade de desenvolvimento dos artistas periféricos, perpetuando
um ciclo de invisibilidade.
Portanto, para superar esses
desafios, é necessária a implementação de propostas concretas. Sendo assim, o
Ministério da Cultura, órgão responsável pela consolidação do artigo 215, deve
estruturar um programa de fomento específico para produções culturais
periféricas, por meio da criação de editais e concursos a fim de contemplar de
maneira mais abrangente essas manifestações periféricas e garantir que o apoio
chegue diretamente aos grupos. Além disso, governos estaduais podem incentivar
a formação de redes para divulgação e circulação da arte periférica, ampliando
seu acesso a novos públicos e fortalecendo a identidade cultural brasileira.
Dessa forma, será possível construir um cenário mais inclusivo, representativo
e de valorização da arte de periferia no cenário cultural brasileiro.
Fonte: G1

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