O prefeito da cidade italiana
de Val di Zoldo, Camillo De Pellegrin, foi denunciado por hastear uma bandeira
do Brasil na fachada da prefeitura, em protesto contra o que algumas
autoridades locais consideram uma
"sobrecarga" de pedidos de cidadania apresentados por
brasileiros na região de Vêneto, na Itália.
A queixa partiu do advogado
ítalo-brasileiro Luiz Scarpelli. Embora o símbolo tenha sido retirado do prédio
há pouco mais de um mês — estava lá desde o início do ano —, Scarpelli manteve
a denúncia, apresentada, segundo ele, à presidência da República no Brasil, ao
Ministério das Relações Exteriores, à Câmara dos Deputados e ao Senado.
Solicitei uma intervenção por
um ato que é moralmente inaceitável. Ele desrespeitou os brasileiros. Para nós,
brasileiros, e também para nós, italianos, nossos símbolos são sagrados: se
qualquer brasileiro fizesse isso com a bandeira italiana, eu denunciaria da
mesma forma — disse o advogado ao Il Gazzettino.
Segundo o jornal italiano, o
prefeito decidiu usar a bandeira para protestar ao se deparar com centenas de
processos de inscrição de descendentes brasileiros recém-cidadãos italianos,
que, do ponto de vista dele, estariam “travando” o cartório civil.
Defensor da luta contra o que
considera um abuso do ius sanguinis — “direito de sangue”, na
tradução do latim —, Pellegrin afirma não ter recebido nenhuma notificação. Até
o momento, não foi apresentada denúncia ao Ministério Público italiano, mas
Luiz Scarpelli afirma que está disposto a recorrer ao Tribunal Europeu de
Direitos Humanos.
— Eu sou um dos poucos que
denunciaram fraudes escondidas por trás desses processos, ou ainda as agências
que fazem promoções de Black Friday oferecendo "descontos" na
cidadania. Esses são criminosos e delinquentes. Nesse ponto, concordo com o prefeito
e podemos trabalhar juntos. Mas antes, peço a ele que respeite o povo e os
símbolos brasileiros — acrescenta Scarpelli.
O prefeito, por outro lado,
diz que também está “pronto” para apresentar uma denúncia relacionada aos
ataques constantes que diz sofrer nas redes sociais, por parte de cidadãos
brasileiros que o “insultam e ameaçam”.
Fonte: O Globo

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