Foto: Reprodução |
Desembargadores do TRE também
cassaram diplomas dos suplentes do Podemos, determinando novo cálculo do
quociente eleitoral. Partido teria usado de candidatura laranja para fraudar
cota de mulheres. Marcon nega irregularidades e promete recorrer da decisão.
O Tribunal Regional Eleitoral
(TRE) do Rio Grande do Sul cassou, nesta terça-feira (16), o diploma do
deputado federal Maurício Marcon (Podemos). A Justiça
considerou que o partido teria usado de candidatura laranja para fraudar a
cota de mulheres nas eleições de 2022 e que o político foi
"diretamente beneficiado pela fraude à quota de gênero e interferência
do poder econômico e dos meios de comunicação social".
Sete desembargadores votaram pela cassação de Marcon e de toda a nominata de suplentes do Podemos. Cabe recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Enquanto isso, Maurício Marcon segue no exercício de seu mandato.
Ao comentar a decisão nas
redes sociais, Maurício Marcon afirmou que pretende recorrer ao TSE. O deputado
afirmou que o problema foi motivado pela mudança de uma das candidaturas
femininas, que acabou não tendo espaço nos programas de TV do partido a tempo
das eleições.
"Não conheço a mulher que
foi colocada, não participei de campanha dela, nada, simplesmente nada",
afirmou em um vídeo.
A RBS TV entrou em
contato com o Podemos, que afirmou divergir da medida (leia a nota
completa abaixo).
Se o TSE confirmar a cassação
de Marcon e dos suplentes do Podemos, deverá ser realizado um novo cálculo
do quociente eleitoral, concedendo a cadeira ocupada pelo deputado a outro
partido ou coligação.
Quem é Maurício Marcon
Natural de Caxias
do Sul, na Serra, o economista Maurício Marcou se candidatou a deputado
federal em 2018, pelo partido Novo, mas não foi eleito. O primeiro cargo
ocupado pelo político foi o de vereador, eleito em 2020 pela mesma legenda da
eleição anterior. Em 2022, tentou novamente uma cadeira na Câmara dos Deputados
e foi o sétimo mais votado entre os 31 eleitos, recebendo
140 mil votos.
Apoiador do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL), Marcon se define como "cristão, conservador e
defensor do liberalismo econômico". Durante a campanha eleitoral, disse
que, entre as medidas que proporia na Câmara, estavam as bandeiras "voto
impresso/auditável" e "presidiário não vota".
Em fevereiro de 2023, durante
uma live, o político comparou a Bahia ao Haiti, dizendo
que o estado nordestino seria um lugar "sujo" e de
"pobreza". A fala provocou reações, como a do ex-ministro do
Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa e da Polícia Civil, que investigou o
caso. O inquérito foi remetido
para a Polícia Federal. Na ocasião, Marcon disse que sua fala foi
"maldosamente distorcida por grupos e pessoas que visam única e
exclusivamente destruir a imagem de quem pensa diferente".
Nota do Podemos
É com respeito, mas com enorme
inconformismo que o diretório estadual do Podemos recebe a decisão do Tribunal
Regional Eleitoral (TRE) do Rio Grande do Sul em anular os votos de 318.850
gaúchos confiados ao partido na eleição para deputado federal de 2022, no qual
elegeu o deputado federal Mauricio Marcon com 140.634 votos.
A surpresa se dá pela decisão
do TRE em definir como fraude à cota de gênero a votação de uma candidata que
obteve votos em dez cidades gaúchas, mesmo entrando no pleito em substituição a
outra candidatura feminina, faltando apenas 20 dias para a eleição, sem uso de
recurso público e já sem tempo hábil para gravação dos programas eleitorais.
Além disso, a referida candidata enfrentou problemas de saúde na família nos
poucos dias que lhe restavam para campanha, impactando diretamente seu
desempenho.
Por divergirmos totalmente da
medida e confiarmos que a vontade popular e democrática será mantida pela
Justiça, faremos todos os esforços para recorrer e mudar essa decisão nos
tribunais superiores.
Fonte: G1
0 Comentários