Apesar de protestos, autor de PL do aborto diz ter 300 votos favoráveis.

 

Foto: Reprodução

Após críticas e protestos em diferentes cidades do país contra o projeto de lei que equipara a pena de aborto após 22 semanas de gestação à de homicídio, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), autor da proposta, afirmou ao UOL que o texto tem 300 votos de parlamentares favoráveis ao texto.

O que aconteceu

Sóstenes disse que recebeu as críticas ao projeto com "naturalidade, porque o tema é polêmico". Com os supostos 300 votos citados por ele, o texto não teria dificuldades para chegar ao Senado. A Câmara tem 513 deputados.

Ao dizer não se importar com críticas, o deputado cita a nota divulgada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). A entidade saiu em defesa do projeto: "o aborto também traz para a gestante grande sofrimento físico, mental e espiritual", diz trecho da

O deputado afirma, entretanto, que é favorável à alteração do projeto para incluir pena máxima para estupradores. Uma das críticas ao texto é que a pena para meninas e mulheres que realizarem aborto após 22 semanas seria de seis a 20 anos de prisão — para estupradores, o tempo de detenção máximo é de dez anos. "Não aumentei a pena no projeto inicial porque a técnica legislativa não permite", disse Sóstenes.

Segundo a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), o parlamentar tem dito que a relatora da proposta poderá fazer alterações no texto. "Isso tudo é uma forma de ele tentar se blindar das críticas óbvias ao projeto, porque a cada dia fica mais evidente que é um projeto que ataca crianças vítimas de estupro, mas, ao mesmo tempo, ele não abre mão de seguir dialogando com a extrema direita", afirmou.

O deputado defende que a relatora do projeto seja uma mulher e de centro — ele disse que não concorda que seja uma parlamentar do PT ou do PL. Segundo a colunista do UOL Raquel Landim, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) tem sido a interlocutora do presidente da Câmara, Arthur Lira (PL-AL), e pode ser a relatora.

A expectativa é que o texto vá para votação nas próximas semanas. Na quarta-feira (12), a Câmara dos Deputados aprovou a urgência do projeto. Com isso, a proposta não vai precisar passar pelas comissões temáticas da Casa e vai direto ao plenário.

Segundo o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), o governo Lula não vai apoiar qualquer mudança na legislação. "Não contem com o governo para mudar a legislação de aborto no país, ainda mais um projeto que estabelece que uma mulher estuprada vai ter uma pena duas vezes maior do que o estuprador", disse.

O que dizem os envolvidos

Em 2022, o presidente Lula entregou uma carta aos evangélicos dizendo ser contra o aborto, então queremos ver se ele realmente é contra. Para as feministas abortivas que estão fazendo manifestações, um recado: a gente também sabe fazer manifestação, e muito maior.Sóstenes Cavalcante, deputado federal

 

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