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| Foto: Reprodução |
Vencedora da 'Queen Stars Brasil',
artista já gravou parceria com Luiza Martins, planeja feat com Diego Martins e
tem Marília Mendonça como sua grande diva pop.
O início da carreira de Reddy
Allor, nome artístico de Guilherme Bernardes, é bastante comum entre artistas
sertanejos: nas festas em família, era convocado pelos tios para soltar a voz
com o irmão, cantando músicas do ritmo preferido na casa.
Então, os irmãos Guilherme e
Gabriel iniciaram uma carreira profissional como dupla sertaneja. Eles
trabalharam juntos dos 12 aos 18 anos. Foi quando Guilherme resolveu buscar
suas próprias referências. Mesmo amando música sertaneja, não se sentia representado
dentro dela.
"Comecei a me
entender", lembra, em entrevista ao g1. "Até então, eu tinha
perdido um pouquinho dessa evolução natural, que é você se descobrir ali na
adolescência, descobrir os desejos, sexualidade. E quando eu fiz 18, 19 anos,
fui me conhecer. Senti essa necessidade, porque eu já não me sentia tão
acolhido dentro do sertanejo. Era algo que eu me sentia um pouco preso
mesmo."
"As pessoas me apontavam
muito. Não podia usar a roupa que eu queria, não podia usar maquiagem. Não
podia falar desse jeito, ou cantar muito fino, ou fazer muitos agudos. E era
uma coisa que me limitava demais. E aí eu fui buscar essas referências em
outros lugares."
Nesse caminho, Guilherme
conheceu a arte drag. O ponto de partida foi Pabllo Vittar que, naquele momento,
estava lançando o hit "Open Bar" (2015). "Eu nem sabia o que era
uma drag queen na época. Mas eu fiquei muito impressionado. E aí eu fui
pesquisar, procurar saber dessa arte, o que era."
"Eu tava no momento
realmente de conhecimento de tudo, porque eu não sabia nada. Nenhuma pauta
LGBT, eu não sabia a diferença de bissexual com pansexual e hétero e trans, eu
não sabia nada. Quando eu entendi a possibilidade da arte drag, que era tipo
tudo que eu sempre amei fazer mais a música, foi algo que explodiu minha
cabeça, porque me trouxe um mundo novo."
E foi assim que nasceu Reddy
Allor, uma cantora drag queen sertaneja.
Participação em reality
Logo que iniciou a carreira,
Reddy Allor se inscreveu em realities musicais, até que foi convocada para o
"Queen Stars Brasil", em 2022. No programa apresentado por Pabllo
Vittar e Luísa Sonza, foram três vencedoras: Reddy Allor, Leyllah Diva Black e
Diego Martins (o Kelvin de "Terra e Paixão").
As drag queens formaram trio
Pitayas. O grupo de pop gravou um EP com 5 músicas e um videoclipe. Depois
desses lançamentos, acabaram ficando sem gravadora e não conseguiram seguir o
projeto de forma independente.
A pausa veio no finalzinho de
2022, anunciada em uma live. Questionada sobre o que aconteceu quase um ano
após a live, Reddy brinca que o assunto é sensível. Mas afirma que o "Pitaya
não acabou para sempre, mas é algo que não é nosso foco agora."
Ainda assim, aos fãs do grupo,
uma boa notícia: ao menos dois membros vão se reencontrar. A cantora convocou
Diego Martins para seu novo single, a ser lançado em breve.
"O Diego é meu amigo,
então não é um shade em Pitayas. Não tem a ver com Pitayas. Tem a ver com a
nossa amizade e é algo que a gente conversa há muito tempo de fazer."
Pabllo foi a responsável por
abrir um novo mundo na cabeça de Guilherme na arte. E também por comandar o
programa que colocou Reddy no cenário nacional. Mas apesar desse contato com o
pop, as referências de Reddy são mesmo sertanejas. Não só pelo gosto próprio,
mas pelo incentivo familiar.
Ela cresceu ouvindo artistas
como Milionário e José Rico, Chitãozinho e Xororó, Chrystian e Ralf e Zezé Di
Camargo e Luciano. Essa última dupla serviu de incentivo para o início com o
irmão por causa do filme "Os filhos de Francisco".
Jorge e Mateus e Luan Santana
também aparecem na lista de artistas que formam sua playlist. Mas sua grande
referência é Marília Mendonça. "A primeira vez que eu ouvi Marília, foi
com a música 'Flor e o beija-flor'. E eu arrepiava de uma forma que eu falava:
'gente, como assim?' Foi algo muito forte para mim", relembra.
"A partir disso, comecei
a consumir Marília todos os dias da minha vida. A Marília foi a minha primeira
diva pop."
"Foi a primeira vez que
eu entendi a possibilidade de uma figura feminina dentro do sertanejo, mas não
no lugar de submissão, sabe? A Marília já veio: 'mulher trai, eu vou trair,
amante não tem lar...'. Umas coisas muito reais e indo contra todo o machismo
estrutural que o sertanejo carrega. Foi aí que as coisas começaram a se formar
na minha cabeça."
Para Reddy, Marília ajudou a
derrubar diversas barreiras de preconceitos dentro do sertanejo. E não apenas
aquela que era contra as mulheres dentro do ritmo. Foi após a chegada de
Marília, por exemplo, que artistas como Lauana Prado, Yasmin Santos e Luiza
Martins assumiram seus relacionamentos homoafetivos, algo que parecia ser
impensável anos antes no mercado sertanejo.
"Eu acho que não foi de
uma forma muito escrachada, sabe? Eu acho que foi um processo natural. De uma
forma inconsciente, essa representatividade chegou junto com essa necessidade
da evolução, não só do sertanejo, mas da sociedade no geral."
"E acredito que a própria
Marília tenha sentido essa necessidade de se sentir representada dentro do
lugar que ela sempre gostou, que é o sertanejo. E comigo aconteceu da mesma
forma. Acredito que Lauana e Yasmin, que são assumidamente pessoas LGBTs dentro
do sertanejo, devem ter passado por um processo bem parecido."
Fonte: G1

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