Alunos de mecânica de manutenção
industrial criam uma cadeira especial para uma colega do curso de logística que
tem necessidades especiais.
No Rio de Janeiro, um grupo de estudantes deixou uma
lição de empatia antes de sair de férias e que serve de inspiração para todos
nós e para todos os próximos dias de 2020 que só está começando.
Quantas
pessoas passam por você todo dia? E quantas você realmente vê?
Só
numa escola, circulam todo dia 1.500 estudantes. E foi num dos corredores que
uma professora, de coração e olhos abertos, acabou enxergando o que ninguém
ainda tinha visto.
Começava
aí uma história de empatia.
Sara
Assumpção tem 24 anos e quando não está na faculdade de direito, ela está no
curso de logística, numa escola do Senai, na Zona Oeste do Rio.
“Eu
tenho artrogripose múltipla congênita. A artrogripose me faz, sim, ter
sensibilidade, só que os movimentos são muito reduzidos. Apesar de todas as
limitações, eu sempre tive muita vontade de fazer tudo que qualquer outra
pessoa faz. Fui ao Rock in Rio já em duas edições, vou à praia, cinema, faço
tudo."
Mas
na sala de aula ela sentia um incômodo danado.
“Eu
sentia dor em determinado momento na perna direita. Essa cadeira, nesse tempo
assim, me fazia sentir isso."
Foi
aí que o olhar sensível da professora entrou em cena.
“Até
então ela estava tentando se adequar ao ambiente. Nós falamos: não, o ambiente
vai se adequar a você”, contou Andréa Cristina Vasconcelos, professora de
administração e gestão.
Andréa
contou a história para alunos de outro curso: o de mecânica de manutenção
industrial.
E
eles, que nem conheciam a Sara, abriram os olhos para ela. Deixaram de lado o
projeto de conclusão de curso que estavam fazendo para inventar um jeito de a
Sara estudar sem sentir dor.
Foram
muitas e muitas conversas para entender direitinho o que era melhor para ela.
“Ela
disse que não tinha que ser inclinado, não tinha que ter travesseiro, não tinha
que ter nada, ela escrevia em zero grau, trabalhava em zero grau, tudo para ela
era melhor deitada, reto e o computador na frente dela”, explicou Julia
Coutinho, aluna de mecânica de manutenção industrial.
Dois meses
quebrando a cabeça até que nasceu o Espaço Sara.
“Me trouxe
mais autonomia, eu tenho mais independência para fazer minhas atividades”,
disse ela.
Sara, que
foi para a escola aprender, acabou ensinando tanta coisa.
“A gente
tem uma certa prepotência natural de achar ‘eu já sei como lidar, como agir’ e
todos os dias eu aprendi com ela também. Eu aprendi como mulher, eu aprendi na
questão de ser mais segura”, afirmou a professora Andréa Cristina.
“Se a
gente se colocasse mais no lugar do outro, tantos outros projetos dariam certo,
tantas coisas estariam acontecendo na vida das pessoas”, conclui Sara.
Fonte: G1.com