Cerca de 10% dos pacientes de doença renal crônica no Ceará estão na fila dos transplantes.



 

No Ceará, cerca de 150 dos 1500 pacientes de hemodiálise estão na fila para realizar o transplante de rins. Ou seja, 10% das pessoas em tratamento pela rede de saúde do Estado. Segundo o nefrologista Dr. Paulo Rossas Mota, diretor da Fundação do Rim, o índice ainda é considerado baixo.  
"É considerada como uma fila pequena. Deveria ser maior (de 20 a 30%). E este é um dos trabalhos da Fundação também: divulgar a importância do transplante, que é a melhor forma e a de mais baixo custo para o tratamento das pessoas doentes", avalia o médico. 
A questão, além das informações de prevenção à doença e a necessidade de ressocialização dos pacientes, foi um dos motes da realização da 8ª confraternização natalina da Fundação do Rim.



O evento aconteceu neste domingo (8), em uma das unidades do Colégio Farias Brito (Centro). Com participação do humorista Lailtinho Brega, cerca de 1 mil pessoas, entre pacientes e familiares, usufruiu de um almoço e da distribuição de brindes para adultos e crianças. 
 
De acordo com o Dr. Paulo Rossas Mota, a maior parte dos assistidos são pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social e carecem de lazer. Para o médico, a doença ainda é muito desconhecida.

"Se você fala em AVC, câncer de mama, de próstata, todo mundo vai saber disso um pouco. Mas experimente chegar numa roda e falar de doença renal crônica. Isso preocupa, porque os dados da OMS e da Sociedade Internacional de Nefrologia mostram que 1 a cada 10 pessoas do planeta tem a doença", identifica Mota. 
Ele enfatiza que também falta informação sobre as populações de risco. Diabéticos, hipertensos, pessoas com acima de 60 anos de idade, gente com histórico da doença na família e obesos "merecem uma atenção especial".
Para 2020, destaca Paulo Mota, a Fundação pretende seguir o trabalho de prevenção, por meio de campanhas midiáticas; além de cuidar da ressocialização e incrementar a fila de transplantes de 20 a 30% dos pacientes de hemodiálise no Estado.  
Descoberta
O economista Newton Batista, 60, descobriu a doença renal há 3 anos. Hoje, ele é voluntário da Fundação do Rim e faz três sessões de hemodiálise por semana. Cada uma dura 4 horas. 
Newton costumava viajar 10 meses por ano, a trabalho. De um ritmo profissional intenso, ele teve de mudar tudo na sua rotina.
"Tive perda total dos 2 rins. Pararam de funcionar: não filtrava, nem balanceava mais os líquidos (do organismo)", recapitula. Paciente do Dr. Paulo Rossas Mota, o economista conheceu a Fundação do Rim e virou voluntário do Conselho Fiscal da entidade.

"A confraternização é um momento pra gente tornar a Fundação visível. A grande maioria dos pacientes não tem recursos (pra custear a vida depois que descobre o diagnóstico). Você pára de trabalhar e as despesas crescem. E também precisamos cuidar do lado espiritual e emocional, para não entrar em depressão", compartilha.