O empresário que quiser investir no Brasil não deve esperar
qualquer tipo de incentivo por parte do governo de Jair
Bolsonaro (PSL), afirmou, nesta segunda-feira (13), o fundador do
grupo Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade.
Andrade deu as declarações ao
deixar o Ministério da Economia, em Brasília, onde esteve reunido com o ministro
Paulo Guedes.
“O empresário que estiver
pensando que vai receber ajuda do governo está perdendo tempo, porque cada um é
que tem que fazer a sua parte. O governo tem que fazer a dele e o empresário
tem que fazer a sua”, afirmou.
Ele disse que o governo não acena com incentivos como feito por
administrações anteriores. Os governos de Dilma Rousseff e Michel Temer estão
entre os que lançaram pacotes para tentar socorrer a indústria.
“Esperar incentivos e coisas
do governo que aconteciam no governo antes (...) no nosso caso, nós nunca
tivemos nenhum benefício do BNDES nem de nenhum órgão do governo. Nós fizemos
todos os nossos investimentos até hoje, que estamos fazendo e que vamos fazer é
com recursos próprios”, afirmou.
Andrade negou que a conversa
com Guedes tivesse como objetivo pedir ajuda ao setor automobilístico.
“Temos intenção de fazer
novos investimentos no país, e a gente quer saber o que vai ser o futuro, o que
vai acontecer com o país”, disse.
A Previdência, segundo o
empresário, foi o grande tema da reunião com Guedes. “Tudo no Brasil está
dependendo da Previdência. Se a Previdência passar, os nossos investimentos se
multiplicarão, serão bem maiores. Vamos criar empregos, vai haver uma criação
de empregos séria, grande.”
O empresário comentou ainda a
potencial guerra fiscal que está se instalando no país, após o governador de
São Paulo, João Doria
(PSDB), decidir reduzir o ICMS (imposto sobre mercadoria e
serviços) em três setores, entre eles o automotivo. Em Goiás, o governador
Ronaldo Caiado sinalizou com um aumento de ICMS para melhorar as finanças do
estado.
“Isso nos prejudica, mas o
Ronaldo Caiado tem que olhar o seu estado, que está numa situação muito
delicada”, disse. “Mas não vai ser por esse motivo que vamos deixar Goiás.”
Inicialmente, a reunião entre
Guedes e o dono da Caoa contaria com a presença de Doria. O tucano, no entanto,
antecipou a ida a Nova York, onde busca atrair investimentos para São Paulo e
estudar a política de segurança pública da cidade americana.
“O João tem interesse em que
haja mais investimentos em São Paulo. O que o João tinha que fazer, já fez para
a GM [General Motors]. Claro que se houver investimentos na Ford, nós vamos ser
também beneficiados”, disse. A Caoa está em
negociações com a Ford para comprar a fábrica da montadora em
São Bernardo do Campo (SP).
“Já estivemos com chineses
que estão interessados em fabricar carros conosco lá. Existe uma grande
possibilidade de isso acontecer e a Ford voltar a funcionar, absorvendo todos
os empregos. Vai depender das negociações com a China e com o que pode acontecer
com a fábrica [de São Bernardo].”
As conversas também incluirão
sindicatos e fornecedores. “A ajuda que queremos do governo é que o governo
resolva o problema da Previdência e dessa crise que o Brasil está passando,
para que a gente tenha confiança em fazer o investimento.”
Segundo ele, haverá novo
encontro com Guedes, Doria e com o secretário de Fazenda, Henrique Meirelles,
mas sem data marcada