O presidente Michel Temer (MDB)
e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, pré-candidato
do PSDB, voltaram a se aproximar e negociam um acordo que reunifique o
centro político. Na proposta apresentada pelo Planalto, essa chapa
presidencial seria encabeçada pelo tucano com o ex-ministro da Fazenda
Henrique Meirelles (MDB) como candidato a vice. Alckmin analisa a ideia e,
neste momento, seus aliados avaliam existirem muitos obstáculos para o
acordo
Embora ainda se apresente como pré-candidato à
reeleição, Temer admitiu a pelo menos dois interlocutores - um
do MDB e outro do PSDB - que não deve concorrer a mais um mandato. O presidente
avalia que a nova formação pode unir o centro político e evitar o
isolamento do seu partido e de sua gestão no processo eleitoral.
A proposta de um palanque unificado ganhou corpo
após a mais recente pesquisa Datafolha mostrar Temer, que pode ser alvo de uma
terceira denúncia da Procuradoria-Geral da República, estacionado com 1%
das intenções de voto. O bom desempenho do ex-presidente do Supremo
Tribunal Federal Joaquim Barbosa (PSB), que registrou até 10%,
também preocupa tucanos e emedebistas. Eles temem que Barbosa ocupe o espaço do
centro e avance sobre a centro-esquerda.
A aliança ampliaria o tempo de Alckmin nos
programas eleitorais de rádio e TV e seus palanques regionais. Por ora, MDB e
PSDB fazem planos de lançar, cada um, candidatos a governo em 12 Estados. Em
contrapartida, o tucano incorporaria a seu discurso de campanha a defesa
de programas do governo Temer. A possibilidade de uma dobradinha entre
Alckmin e Meirelles foi noticiada, ainda no início de março, pela colunista do
jornal O Estado de S. Paulo Eliane Cantanhêde.
A proposta sofre resistência em parte do
MDB: a ideia não foi bem recebida pelo ministro de Minas e Energia,
Moreira Franco, e pelo marqueteiro Elsinho Mouco. A cúpula do PSDB deu aval às
negociações que, segundo interlocutores de Alckmin, partiram de Temer.
A proposta foi levada ao ex-governador pelo
ex-prefeito João Doria, que se reuniu com o presidente no sábado. Alckmin viu a
tese “com bons olhos” e pediu ao comando de sua pré-campanha que inclua o nome
de Meirelles nas pesquisas internas sobre potenciais candidatos a vice. Além do
ex-ministro, estão nesta lista Mendonça Filho (DEM-PE) e Álvaro Dias
(Podemos-PR). Tucanos querem agora que o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso e o chanceler Aloysio Nunes Ferreira entrem nas negociações.
Impasse
Em pré-campanha, Meirelles não admite, por ora, a possibilidade de ser vice.
Segundo auxiliares, o ex-ministro preferiria ficar fora da disputa se
não encabeçar a chapa.
A articulação enfrenta outro impasse: o cenário
em São Paulo. Temer gostaria de replicar a aliança nacional no
Estado, mas emedebistas e tucanos se opõem. Doria e o presidente da Fiesp,
Paulo Skaf, lideram as pesquisas de intenção de voto.
Duas foram as opções colocadas à mesa: que Skaf
desista do governo para disputar o Senado na chapa encabeçada por Doria, ou que
o tucano abra mão em troca de ocupar uma pasta de Temer, o Ministério da
Indústria, Desenvolvimento e Comércio. Nesse cenário, o médico David Uip seria
o indicado do PSDB para ser o vice de Skaf.