Marina
Silva teve sua pré-candidatura à Presidência da República confirmada neste
sábado (7) no congresso nacional da Rede Sustentabilidade, partido que ajudou a
fundar em setembro de 2015. Sem nenhuma oposição interna, a ex-senadora e
ex-ministra foi aprovada por aclamação pelos demais integrantes do partido.
A
decisão ocorre exatamante seis meses antes do primeiro turno das eleições 2018,
prazo dado também para que candidatos troquem de partido e se
desconpatibilizem dos cargos executivos que não forem concorrer à reeleição.
Por coincidência, hoje (7) também deverá ser o dia em que o ex-presidente Lula,
atual líder das pesquisas de intenção de voto à presidência, deverá ser preso e
consequentemente impedido de disputar as eleições.
Ainda não há definição sobre coligações e
composições da chapa da Rede à presidência. Essas confirmações só deverão
ocorrer em outra convenção partidária prevista para o final de julho, às
vésperas do prazo de registro das candidaturas.
Marina discursou e lembrou que
essa é a terceira vez que se candidata à Presidência . Em
2010, após ter deixado o PT e o governo do ex-presidente Lula do qual foi
ministra do Meio Ambiente entre 2003 e 2008, Marina ficou em terceiro lugar na
corrida presidencial quando obteve 19,6 milhões de votos pelo PV. Já em 2014,
Marina abriu mão da cabeça de chapa, mas acabou tendo que assumir a candidatura
depois que Eduardo Campos sofreu acidente de avião e morreu em meio à campanha
eleitoral. Na ocasião, a candidata chegou a liderar as pesquisas, mas acabou
novamente na terceira colocação com 22,1 milhões de votos.
A ex-ministra, no entanto, afirmou que essa é a
ocasião mais importante de sua candidatura graças ao momento político que o
país atravessa. "Nunca foi tão necessária a decisão de estar aqui hoje,
pelo momento que estamos vivendo. Momento que não é de celebração, mas de
tristeza por um lado. Um ex-presidente da República, que poderia estar apto
para fazer o que quisesse na política, estar sendo interditado pela Justiça por
erros que cometeu", disse.
Sem desviar do assunto mais comentado do momento,
Marina afirmou que a decretação do ex-presidente Lula é uma esperança de que,
agora, a lei passará a valer para todos. "Isso não deve ser motivo de
celebração, mas, por outro lado, é uma sinalização de que podemos começar a ter
esperança de que está se iniciando um tempo de que a lei será igualmente para
todos", afirmou.
Na sequência Marina citou nominalmente outros
políticos, inclusive alguns que podem concorrer junto com ela nas eleições
desse ano, e criticou o foro privilegiado, dando o tom do que pode ser uma de
suas bandeiras no período eleitoral. "Que não se permita mais que os
Renans, os Aécios, os Padilhas e os Temers fiquem impunes sob o manto do foro
privilegiado. Não podemos ter uma justiça que tenha dos pesos e duas
medidas", disse.
A candidata também aproveitou para antecipar uma
crítica que deverá sofrer durante a campanha. Em 2014, quando se viu fora do
segundo turno, Marina declarou apoio ao candidato do PSDB Aécio Neves. Pouco
tempo depois, uma série de investigações complicaram a situação do senador
mineiro que quase chegou a perder seu cargo e que segue sendo investigado pela
Operação Lava Jato. "A sociedade agora vai votar conhecendo a verdade e o
nosso grande desafio é o que fazer com essa verdade. Agora nós savemos quem é
quem. Ética não é para ser usada como bandeira, é obrigação", afirmou.
Coligações e alianças
Durante coletiva de imprensa realizada após o
evento, Marina Silva informou que a Rede vai seguir negociando
coligações com outros partidos. "Não precisamos colocar como ponto de
partida que os outros partidos não tenham suas candidaturas. Eu sempre digo
que, quanto mais estrelas no céu, mais claro é o caminho", disse.
Se for candidata sem apoio, Marina teria direito
a apenas 12 segundos na propaganda eleitoral gratuita, poucos palanques pelo
país, além de não ter a presença garantida nos debates políticos já que
seu partido não atinge mais a cota mínima de cinco parlamentares (somados
deputados e senadores) para se tornar presença obrigatória nos debates depois
que os deputados federais Alessandro Molon (RJ) e Aliel Machado (PR)
deixaram o partido e se filiaram ao PSB.
O partido é o mais cogitado para uma eventual
aliança com a ex-senadora, mas o PSB agora abarca o ex-ministro do STF Joaquim
Barbosa que também deseja concorrer à presidência, mas não teve sua candidatura
garantida ainda. Sobre ele, Marina fez diversos elogios e disse que Barbosa
ajuda a "melhorar a qualidade da política brasileira".
Política econômica
Marina também defendeu o
controle das contas públicas e a estabilidade jurídica como forma de atrair
investimentos para o país e admitiu que as reformas econômicas, como a da
Previdência, são necessárias. Ela ponderou, no entanto, que diferente do
presidente Michel Temer faria isso dialogando com os trabalhadores e não só com
os empresários.
Fonte: IG.COM