A procuradora-geral da República, Raquel Dodge,
afirmou, nesta segunda-feira (16), que o ano eleitoral no Brasil irá
começar com muita incerteza em relação às regras para o financiamento de
campanha.
Será a primeira eleição presidencial na história
recente sem a doação eleitoral de empresas, que foi proibida pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) em setembro de 2015.
"Será exigido um grande esforço do TSE
[Tribunal Superior Eleitoral] para disciplinar as eleições. Há alguns
vazios nesta regulamentação que podem não favorecer um sistema de real
competitividade entre os que expõem ideias e propostas", disse a
procuradora.
Dodge, que participou de evento na Universidade
Harvard para uma plateia de juízes e procuradores brasileiros, manifestou
preocupação com eventuais fraudes e desequilíbrio na disputa.
Para ela, é importante garantir que não
sejam eleitos apenas os que tiverem mais dinheiro.
Minutos antes, a procuradora havia afirmado que
"a corrupção que assola o Brasil começa nas urnas".
"São campanhas caras financiadas por
companhias que querem ser contratadas pelo Estado. Mas a lei começou a valer
para todos", disse.
A procuradora defendeu a atuação do Ministério
Público no combate à corrupção no Brasil, e disse que os procuradores têm agido
com velocidade, mas sem diminuir a qualidade das provas.
Dodge, primeira procuradora-geral na história do
Brasil, também voltou a defender a participação de mulheres na política.
"Aquele movimento sufragista que começou no
início do século 20 ainda não se completou neste século 21. As mulheres que
lutavam por cidadania, para serem eleitoras, agora querem ser votadas e
eleitas", disse.