A
perseguição que resultou na morte de um homem na tarde dessa
quarta-feira, 31, no 4° Anel Viário, CE-040, no Eusébio (Região
Metropolitana de Fortaleza), foi registrada em vídeo pelos responsáveis pelo
crime. Em pouco menos de um minuto, o vídeo mostra o executor disparando pelo
menos 11 tiros no veículo que chegou a colidir contra um semáforo na via
pública. O POVO Online conversou com sociólogo que explicou as possíveis razões
que levaram os criminiosos a gravarem o vídeo.
"Vai
ser agora a pegada, viu? Filma aí, vai", avisa o atirador, que filmava o
começo da ação. "Agora?", pergunta o condutor do veículo, que passa a
filmar a ação. "É", diz o executor, que sai do carro na via pública e
atira sete vezes em uma L-200 de cor branca.
No vídeo,
é possível ver marcas de disparos no lado do passageiro. Na sequência, o
atirador dispara mais quatro vezes na direção do motorista, que perde o
controle e colide o veículo em poste. "Foi sal", comemora o homem
mostrando a arma usada no crime. "Filmou? Foi sal, meus irmãos. Mais
um".
Em nota,
a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) diz que a Polícia
Militar realizou buscas na tarde dessa quarta-feira para identificar os
responsáveis pelo homicídio, mas ninguém foi preso. A vítima chegou a
ser socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado
para uma unidade de saúde, mas não resistiu.
"Estão sendo
feitas buscas pela região, visando capturar os envolvidos no crime, que se
evadiram após o fato. O caso é investigado pela Polícia Civil do Estado do
Ceará (PCCE)", conclui a nota.
"Estão
sendo feitas buscas pela região, visando capturar os envolvidos no crime, que
se evadiram após o fato. O caso é investigado pela Polícia Civil do Estado do
Ceará (PCCE)", conclui a nota.
De acordo
com um oficial da Área Integrada de Segurança 10 (AIS 10), a vítima,
identificada como Caio César Siqueira Sisnando, 29 anos, era traficante de
drogas conhecido no bairro Papicu. "Ele fazia parte de uma facção. Chegou
a ser abordado em ações de repressão e preso", informou o oficial que
pediu para não ser identificado. A SSPDS diz não ter informação sobre o
envolvimento da vítima com o tráfico.
Consta na plataforma do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) um processo, que corria em 2007, contra Caio César por furto qualificado. A ação foi arquivada.
Consta na plataforma do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) um processo, que corria em 2007, contra Caio César por furto qualificado. A ação foi arquivada.
Troféu
De acordo
com o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do
Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da UFC, César Barreira, o uso do
vídeo pelos criminosos reflete à banalização da morte. Outro ponto apontado
pelo especialista é a necessidade de dar visibilidade ao crime.
"Remete ao início do século XX, quando as pessoas que cometiam crimes precisavam levar uma parte do corpo da vítima como troféu. Hoje eles não precisam mais disso. Eles fazem vídeo para mostrar", explica. "Se essa pessoa mata o líder de uma facção, por exemplo, esse troféu eleva a cotação dela na facção", continua.
"Remete ao início do século XX, quando as pessoas que cometiam crimes precisavam levar uma parte do corpo da vítima como troféu. Hoje eles não precisam mais disso. Eles fazem vídeo para mostrar", explica. "Se essa pessoa mata o líder de uma facção, por exemplo, esse troféu eleva a cotação dela na facção", continua.
Outra
possibilidade apontada para uso do vídeo é no "batismo" de jovens que
para entrar no mundo do crime precisam cometer algum delito. "É doloroso
presenciar esses vídeos. Tem a questão da banalização, da crueldade, da
naturalização. Tudo isso no ato de filmar", pondera. "As
consequências disso a gente não conhece, mas existe uma exacerbação da
violência. E é muito preocupante naturalizar a reprodução desse conteúdo,
no sentido de que ele acabe sendo feito cada vez mais".
De acordo com um
oficial da Área Integrada de Segurança 10 (AIS 10), a vítima, identificada como
Caio César Siqueira Sisnando, 29 anos, era traficante de drogas conhecido no
bairro Papicu. "Ele fazia parte de uma facção. Chegou a ser abordado em
ações de repressão e preso", informou o oficial que pediu para não ser
identificado. A SSPDS diz não ter informação sobre o envolvimento da vítima com
o tráfico.
Consta na plataforma do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) um processo, que corria em 2007, contra Caio César por furto qualificado. A ação foi arquivada.
Consta na plataforma do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) um processo, que corria em 2007, contra Caio César por furto qualificado. A ação foi arquivada.
RUBENS RODRIGUES