Diante do aumento do desgaste com a indicação de
Cristiane Brasil (PTB-RJ) para o Ministério do Trabalho, que se arrasta há um
mês, a bancada do PTB na Câmara pretende se unir para pressionar a direção da
legenda, comandada pelo presidente nacional Roberto Jefferson, pai da ministra
sub judice, a indicar outra pessoa para a pasta, de preferência um nome que
represente a bancada.
Os deputados vão se reunir na tarde de terça-feira,
na liderança do PTB, para deliberar sobre o tema. Na avaliação dos
parlamentares, a pressão pela desistência do nome de Cristiane deve vir de
forma coesa, para evitar retaliações de Roberto Jefferson, que é quem controla
o Fundo Eleitoral, que será fundamental para custear as campanhas dos
candidatos nas eleições de outubro.
Segundo cálculos da bancada, o PTB tem direito,
para as eleições deste ano, a cerca de R$ 75 milhões da verba do fundo, e cada
parlamentar poderá receber até R$ 2,5 milhões para arcar com os custos de suas
campanhas. Por isso, acreditam que todo o cuidado é pouco na hora de expor a
insatisfação com a insistência no nome de Cristiane Brasil.
— O Roberto tem o controle totalitário do Fundo
Eleitoral, então quem seria louco de maltratar a filha dele abertamente? só
quem não é candidato, porque todos os outros só pensam no dinheiro do fundo —
afirmou um petebista, sob a condição do anonimato.
- A palavra do momento é retaliação. Por isso temos
que tomar muito cuidado - disse outro deputado do partido.
Um dos insatisfeitos com o imbróglio envolvendo a
quase ministra, o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) defende que a bancada
do PTB aja unida:
— Temos que tomar uma posição de bancada, porque
uns isoladamente ficam em posição de desvantagem em relação ao Roberto.
Segundo relatos de pessoas próximas, Roberto Jefferson
está "muito abalado" com a situação da filha, e teme que, se ceder e
abrir mão de sua indicação, possa "ferir mortalmente" o futuro
político de Cristiane. Já a ministra, segundo esses interlocutores, não está
tão abalada quanto o pai e insiste que deve assumir o Ministério do Trabalho.
O GLOBO- Letícia Fernandes