O senador Aécio Neves (MG), presidente
licenciado do PSDB, foi alvo de críticas e palavras de ordem dos tucanos
paulistas durante a convenção estadual do partido, que ocorreu ontem, em São
Paulo. No plenário e nos corredores da Assembleia Legislativa, onde foi
realizado o evento, militantes tucanos pediam "Fora Aécio" em coro.
O senador tucano está afastado da presidência do partido desde maio passado,
após a divulgação da gravação em que ele foi flagrado pedindo R$ 2 milhões ao
empresário Joesley Batista, dono da JBS. Aécio alega que a conversa tratou de
um empréstimo. Na mesma ocasião, o tucano também foi afastado o cargo de
senador por decisão liminar do Supremo Tribunal Federal. Ele só retornou ao
cargo no mês passado, após a decisão do Supremo ter sido derrubada pelo
plenário do Senado.
Na semana passada, em meio ao recrudescimento da disputa interna entre as
alas que, de um lado, defendem a permanência e, de outro, o desembarque do PSDB
do governo de Michel Temer, Aécio, em uma decisão unilateral, destituiu o
senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina do partido e colocou no
lugar dele o ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman. Na véspera, Tasso,
que defende o desembarque, havia anunciado sua candidatura à presidência do
partido.
"O estrago feito por ele ao partido foi grande demais. Aécio não está
ajudando em nada. Ele deveria colocar o pijama e voltar para a casa",
disse Pedro Tobias, que foi reeleito ontem presidente do diretório paulista do
PSDB em SP. Na tribuna, o líder do partido na Câmara dos Deputados, Ricardo
Tripoli (SP), respondeu às críticas de Aécio, que também ontem, na convenção
tucana em Minas Gerais, disse que os "cabeças pretas", ala da sigla
que defende o desembarque do governo, não se empenham pelas reformas.
"Estão dizendo inverdades de que não estamos apoiando medidas
importantes para o Brasil. Demos mais votos para a reforma trabalhista que o
presidente da República", disse Tripoli, que encerrou sua fala aclamando o
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin como candidato do PSDB à Presidência
do Brasil.
Secretário de Desenvolvimento Social de Alckmin, deputado Floriano Pesaro
defendeu o afastamento do senador mineiro do partido. "Aécio deve se
afastar do PSDB para não contaminar outros membros do partido".
Já o ex-presidente do PSDB na capital paulista, o vereador Mário Covas Neto,
revelou aos jornalistas que cogita até deixar o partido depois dos últimos
acontecimentos.
"Aécio deitou e rolou na convenção do PSDB de Minas Gerais. Ele
continua falando em nome do partido. Não percebe o mal que fez", disse o
vereador.
Fonte: DN