O senador Aécio
Neves (PSDB-MG) comemorou na noite desta terça-feira o fim do que
chamou ser um “pesadelo”. Após o Senado derrubar a decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF) e garantir ao tucano a retomada do mandato
e o fim da reclusão domiciliar noturna, Aécio falou ao telefone com senadores,
na companhia de deputados da bancada de Minas Gerais que foram para sua casa
tão acabou a votação.
Segundo os deputados mineiros, Aécio se prepara
para a reassumir o mandato amanhã mesmo e diz que foi feita justiça.
— Aécio está bem sereno e tranquilo. Recebeu
dezenas de ligações e está ligando para cada um dos senadores para agradecer o
voto. Agora só esperar os tramites para reassumir. Está aliviado e diz que foi
feita justiça — disse o deputado Danilo de Castro ( PSDB-MG), ao deixar a
residência de Aécio.
O deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) disse que o
resultado — 44 votos contra as medidas cautelares impostas pela Primeira Turma
do STF — não foi surpresa.
— Foi tudo dentro do esperado. Agora, ele deverá
refletir, essa noite, sobre o discurso que fará ao retornar ao mandato — disse
Abi-Ackel.
O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) reclamou de
viés político nas decisões contra Aécio tomadas pelo ex-procurador-geral da
República Rodrigo Janot, que teriam sido seguidas pelo ministro Edison Fachin,
do STF. Para ele, foram decisões açodadas e com teor político.
— A vitória não foi só de Aécio ( sobre Janot e
Fachin). Que democracia é essa que a pessoa antes de virar réu já começam a
pagar pena? Por 3 votos a 3 os ministros impuseram o que chamaram de pena
alternativa, e um ministro ainda disse que era para servir de lição. Mas isso
não está previsto na lei. Não podem usar os poderes que tem como instrumento de
ação política — disse Domingos Sávio ao visitar Aécio.
Hoje pela manhã, antes da votação, estiveram na
casa de Aécio o presidente interino do PSDB, Tasso Jereissatti (CE) e os
senadores Antônio Anastasia (PSDB-MG) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
DENUNCIADO POR CORRUPÇÃO
Em junho, Aécio Neves foi denunciado por corrupção
passiva e obstrução de Justiça, revelados pela delação dos donos e executivos
da JBS. O senador tucano foi gravado pelo empresário Joesley Batista, dono da
JBS, pedindo R$ 2 milhões, alegando que seria usado em sua defesa na Lava-Jato.
Dias depois, a Polícia Federal flagrou Frederico
Pacheco, primo do senador, recebendo R$ 500 mil de um dos executivos da
empresa. Frederico chegou a ser preso, junto com a irmã de Aécio, Andrea Neves,
na Operação Patmos.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, o
pagamento foi feito em espécie, em quatro parcelas de R$ 500 mil cada, entre 5
de abril e 3 de maio, por meio de Frederico e Mendherson Souza Lima, assessor
parlamentar do senador Zezé Perrella (PMDB-MG)
De acordo com a denúncia, Aécio também tentou
atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato, na medida em que empreendeu
esforços para interferir na distribuição dos inquéritos da investigação no
Departamento de Policia Federal, pressionou para a substituição de Osmar
Serraglio por Torquato Jardim no Ministério da Justiça e articulou a anistia do
crime de caixa dois, que acabou não sendo aprovado, e a aprovação de projeto
que trata do abuso de autoridade, como forma de constranger Judiciário e
Ministério Público.
O GLOBO